|
|||
Folhinha explica Biodiversidade em chamas Incêndio no Butantan ameaça o mapeamento de informações sobre os animais do planeta
REINALDO JOSÉ LOPES DA REPORTAGEM LOCAL Muita gente deu um suspiro de alívio quando descobriu que o incêndio de sábado passado no Instituto Butantan, em São Paulo, só destruiu cobras que já estavam mortas, guardadas em vidros com álcool. Mas não se engane: mesmo assim, foi uma tragédia das grandes. Isso porque fazia mais de cem anos que cientistas do Brasil inteiro guardavam lá exemplares de todo tipo de serpente e aracnídeo (o grupo de bichos ao qual pertencem as aranhas). Essa bicharada era, muitas vezes, o representante "número um" das espécies achadas. É que, toda vez que um cientista descobre o que parece ser uma espécie nova, ele precisa comparar esse bicho com outros semelhantes em museus. Se realmente não existir outro igual, a nova espécie é batizada oficialmente (com aqueles nomes em latim, a língua dos antigos romanos -um exemplo é Homo sapiens, o homem). E o bicho que serviu de base para isso vira o "tipo", o padrão daquela espécie. Vários desses é que sumiram nas chamas. São esses bichos de museu que ajudam a mapear com precisão a biodiversidade, ou seja, quantas e quais espécies existem no planeta. Não dá para proteger a vida ameaçada na Terra sem essa informação. E inúmeros medicamentos, produtos e tecnologias ainda podem vir desses animais. É muito triste: é como se as cobrinhas tivessem morrido duas vezes. Coleção ameaçada O Instituto Butantan existe desde 1901. Antes do incêndio, guardava a maior coleção de cobras do mundo: cerca de 80 mil serpentes. Os pesquisadores do instituto ainda não sabem informar a quantidade de espécies perdidas na tragédia. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online. |