São Paulo, sábado, 22 de maio de 2010

Folhinha explica

Biodiversidade em chamas

Incêndio no Butantan ameaça o mapeamento de informações sobre os animais do planeta

Rodrigo Paiva - 19.mai.2010/Folha Imagem
Cobras queimadas são separadas no Butantan, em São Paulo

REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL

Muita gente deu um suspiro de alívio quando descobriu que o incêndio de sábado passado no Instituto Butantan, em São Paulo, só destruiu cobras que já estavam mortas, guardadas em vidros com álcool. Mas não se engane: mesmo assim, foi uma tragédia das grandes.
Isso porque fazia mais de cem anos que cientistas do Brasil inteiro guardavam lá exemplares de todo tipo de serpente e aracnídeo (o grupo de bichos ao qual pertencem as aranhas).
Essa bicharada era, muitas vezes, o representante "número um" das espécies achadas. É que, toda vez que um cientista descobre o que parece ser uma espécie nova, ele precisa comparar esse bicho com outros semelhantes em museus.
Se realmente não existir outro igual, a nova espécie é batizada oficialmente (com aqueles nomes em latim, a língua dos antigos romanos -um exemplo é Homo sapiens, o homem). E o bicho que serviu de base para isso vira o "tipo", o padrão daquela espécie. Vários desses é que sumiram nas chamas.
São esses bichos de museu que ajudam a mapear com precisão a biodiversidade, ou seja, quantas e quais espécies existem no planeta. Não dá para proteger a vida ameaçada na Terra sem essa informação.
E inúmeros medicamentos, produtos e tecnologias ainda podem vir desses animais. É muito triste: é como se as cobrinhas tivessem morrido duas vezes.

Coleção ameaçada
O Instituto Butantan existe desde 1901. Antes do incêndio, guardava a maior coleção de cobras do mundo: cerca de 80 mil serpentes. Os pesquisadores do instituto ainda não sabem informar a quantidade de espécies perdidas na tragédia.

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