São Paulo, sábado, 22 de dezembro de 2007

Muito além de Papai Noel

ROSSANA ROMUALDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Papai Noel é o bom velhinho que leva os presentes de todas as crianças do mundo, certo? Bem, nem sempre. Existem lugares em que a crença no Papai Noel até existe, mas outros seres são também lembrados na época natalina. Alguns deles são a Befana, na Itália, ou o Vovô Gelo, na Rússia. Existem até umas criaturas que assombram o Natal na Grécia. Conheça esses e outros personagens a seguir.

Rudolf
Você já deve ter feito a seguinte pergunta: "Como é que Papai Noel dá conta de entregar todos os presentes numa noite só?" Bem, é com a ajuda de suas renas mágicas, que voam velozmente pelos céus, puxando o trenó do velhinho. E, entre todas as renas, Rudolf é especial. Ela nasceu diferente das outras: tem um nariz vermelho que brilha! Foi rejeitada por todos de seu grupo. Mas, em um Natal nevoento, o Papai Noel viajava com dificuldade de casa em casa. Era difícil enxergar o caminho, e a entrega de presentes estava atrasada. Quando o velhinho encontrou Rudolf, teve a idéia de colocar a rena para liderar o grupo. Assim, o brilho do nariz de Rudolf seria como um farol a guiar as outras renas na noite escura. E não é que deu certo?

Vovô Gelo
Na Rússia, uma figura famosa é sempre lembrada no inverno natalino: Diéduchka Moróz. Lá, como a temperatura atinge níveis congelantes, há várias palavras que expressam os diferentes graus de frio. E "moróz" significa o pior frio para os russos, algo como "congelante". Pois bem, esse Vovô Gelo é a personificação do inverno e sempre visita as crianças no Ano Novo, trazendo presentes. Ele é magrinho, tem o nariz vermelho por causa do frio e longas barbas brancas e usa roupa vermelha ou azul. Mas, diferentemente de Papai Noel, que brinca de esconde-esconde, ele entrega pessoalmente os presentes às crianças. E vem acompanhado de sua netinha: Snégourotchka (diminutivo da palavra "neve"). Ela pode ser chamada de Nevezinha ou de Menina da Neve.

São Basílio
Na Grécia, as crianças costumam ganhar presentes no Ano Novo. E quem vem entregá-los é são Basílio, santo que simboliza a generosidade. Em 1º de janeiro, Dia de São Basílio, os gregos fazem um bolo com uma moeda dentro -aquele que ganhar o pedaço com a moeda, terá sorte o ano todo! Dizem que esse costume tem origem na história de são Basílio, que foi um homem rico. Ele ajudava os mais pobres colocando moedas dentro dos pães.

Anjos
Na Espanha, há uma lenda contada às crianças que diz que, no dia 22 de dezembro, o anjo do Natal desce à Terra para anunciar o início das comemorações natalinas. É nessa noite que devem ser feitos os pedidos do que se deseja para o próximo ano. Já em Portugal, ao final do jantar da véspera de Natal, é tradição não recolher a mesa antes de sair para a missa do galo. Acredita-se que os anjos vêm comer o que sobrou da ceia natalina.

São Nicolau
Papai Noel tem sua origem inspirada em são Nicolau, bispo turco que é padroeiro das crianças, dos marinheiros, dos viajantes e dos mercadores. Mas, em lugares como Rússia, Eslovênia e em outros países da Europa Central, Papai Noel e são Nicolau dividem numa boa a tarefa de entregar os presentes. Mas há crianças de lá ainda que fazem seus pedidos de Natal exclusivamente a são Nicolau. Ele ainda hoje é representado trajando as roupas vermelhas dos bispos, as mesmas que inspiraram as de Noel.

Frosty
No hemisfério Norte, os bonecos de neve fazem tanto sucesso que até têm uma famosa canção. E a historinha de Frosty, o boneco que ganha vida, é sempre contada às crianças no Natal. Ele é feito com uma espiga de milho no lugar do cachimbo, seu nariz é de botão e seus olhos são dois pedaços de carvão. Só que, quando as crianças colocam nele um chapéu de seda mágico, o boneco começa a dançar. Brinca e corre com meninos e meninas por toda a cidade. Todos se divertem muito naquele dia. Mas, diz a canção, um policial tenta deter o boneco. Com medo, Frosty foge por entre os montes de neve, acenando para as crianças. Ele promete voltar um dia.

Melquior, Gaspar e Baltazar
A visita dos magos ao Menino Jesus está na Bíblia, mas a crença popular foi aumentando um pouco essa história ao longo dos tempos. A Bíblia só conta que, após o nascimento de Jesus, "magos vieram do Oriente" para adorar o recém-chegado, guiados por uma estrela, e presentearam o menino com ouro, incenso e mirra. Naquela época, eram chamados de magos os sábios que estudavam o movimento dos astros. E a Bíblia não diz quantos eles eram nem mesmo diz se eram reis. Passou-se a acreditar que eles fossem três devido ao número de presentes oferecidos. Como havia uma profecia bíblica que dizia que os reis de toda a Terra haveriam de adorar o filho de Deus, por volta do século 6, os cristãos passaram a identificar os magos como reis. E deu nome ao trio: Melquior, Gaspar e Baltazar.

Pinheiro, palmeira e oliveira
Existem várias histórias que explicam a origem da árvore-de-natal. Uma bem tradicional, inglesa, conta que, ao lado da manjedoura onde nasceu o Menino Jesus, havia uma palmeira, uma oliveira e um pinheirinho, árvores que também queriam presentear a criança. A palmeira, então, ofereceu sua folha mais larga para que o Menino pudesse se abanar nos dias de calor. A oliveira deu ao recém-nascido os óleos perfumados de seus frutos. O pinheiro pensou e pensou, mas não tinha nada para dar. As outras árvores zombaram do pinheirinho. Um anjo, que ouvia a conversa, ficou com pena e buscou as estrelas que brilhavam no céu, uma a uma, e as colocou nas pontas dos ramos do pinheiro. Nesse momento, o bebê olhou maravilhado para a árvore que iluminava a noite. E, diz a lenda, foi daí que veio a tradição de se enfeitar pinheiros no Natal.

Os 12 dias do Natal
Se um dia já é bom, imagine 12? É que em alguns países o nascimento de Jesus no dia 25 é só o começo das comemorações do Natal, que se extendem pela passagem do Ano Novo até a epifania -ou Dia de Reis (6/1), como é conhecido no Brasil. A palavra "epifania" quer dizer "manifestação do sagrado" e está relacionada não só ao nascimento do Menino Jesus mas também a todas as manifestações divinas, inclusive na nossa vida. Assim, também houve uma epifania quando Jesus foi batizado por seu primo João Batista nas águas do rio Jordão. É por isso que, em alguns países da Europa, o Dia da Epifania chega a ser mais comemorado do que o próprio Natal. Na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, por exemplo, algumas famílias mantêm a tradição de comemorar os doze dias de Natal. E o melhor: lá, o costume é dar presentinhos às crianças em cada um desses doze dias.

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