São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

Esporte

Menina arteira

Danada na infância, Jade Barbosa, 16, conta que assistia à TV plantando bananeira

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Jade Barbosa não tem dúvida do que a levou para a ginástica artística: o fato de ser muito bagunceira e fazer travessuras. "Eu era muito arteira. Assistia à TV plantando bananeira."
Uma de suas travessuras preferidas era experimentar uma roupa no shopping e, se a achasse bonita, sair correndo da loja. "Ainda sem ter pago a roupa, eu saía pelo corredor na maior disparada", conta a atleta.
O pai corria atrás da filha gritando: "Volta, Jade. Volta, Jade". "Era tanta energia que eu precisava gastá-la. Por isso meus pais me colocaram na ginástica", diz.
E deu certo. Após 11 anos praticando o esporte, Jade, 16, é hoje a principal aposta para conquistar a primeira medalha olímpica da ginástica feminina do Brasil.
Não foi fácil no começo. Em seu primeiro treino em clube, surgiram bolhas em suas mãos depois de deslizar por uma corda. Mas ficou bem animada ao ouvir de Georgette Vidor, uma das técnicas mais conceituadas do país, que a garota era uma em 1 milhão.
O talento fez com que Jade surpreendesse o mundo ao se tornar, com 13 anos, a mais jovem a fazer o salto duplo twist carpado de Daiane dos Santos. Ela alcançou a fama ao obter três medalhas (ouro, prata e bronze) no Pan-2007 e uma no último Mundial (bronze, na prova mais difícil).
Desafios A ginasta carioca conta que a família lhe dá força para superar as dores, como a morte da mãe, e os desafios. "Não é à toa que eu gosto mais da prova de salto", diz.
Hoje ela é uma das poucas do mundo a executar dois saltos de alto grau de dificuldade, com direito a mortal e a pirueta. "Não tenho medo de fazer os saltos. É questão de treino", afirma.
E como treina: "Acordo às 7h e treino, em média, sete horas por dia, às vezes, sete dias por semana. Mas nem isso, nem as adversárias, nem a pressão de resultados são tão difíceis de suportar quanto à saudade do meu pai e do meu irmão". A garota mora em Curitiba, e a família, no Rio de Janeiro.
Ao lado, leias as questões de crianças para a atleta.

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