São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2004

SP 450

Ser criança em SP

Acervo do Memorial do Imigrante
Crianças polonesas na primeira comunhão, em São Paulo


"Infantes", "meúdos" e "ingênuos" eram alguns nomes dados às crianças em diferentes épocas da cidade

KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO

MARIANA TRENCH BASTOS
FREE-LANCE PARA A FOLHINHA

Houve um tempo em que ser criança era só um estado de espera. "Espera para quê?", você pergunta. Para virar adulto! Parece estranho, mas, para as crianças, escolher o que vestir ou comer é algo até "moderno".
Quando São Paulo ainda não passava de um simples vilarejo, no século 16, palavras como "infantes", "inocentes" e "meúdos" eram comumente utilizadas pelos adultos quando se referiam às crianças. O próprio termo "criança" e outros, como "adolescente" e "menino", surgem nos dicionários a partir de 1830.
Era comum as crianças mamarem até os três anos, um hábito herdado das mulheres indígenas, adeptas da amamentação prolongada. No final do período colonial, que vai até 1822, com a Independência do Brasil, algumas mulheres de famílias ricas "alugavam" índias e negras como amas de leite de seus filhos.
As mães queriam vê-los bem rechonchudos, pois acreditavam que isso era sinal de saúde. Elas tinham medo que seus filhos morressem cedo, afinal, naquela época, metade dos nascidos vivos morria antes de completar sete anos.
No século 19, começa a mudar o modo de ver as crianças. "Mais do que lutar pela sua sobrevivência, procurava-se adestrar a criança, preparando-a para assumir responsabilidades", diz a historiadora Mary Del Priore, organizadora do livro "História das Crianças no Brasil" (ed. Contexto).
Os meninos iam com os pais para o trabalho para aprender um "ofício", as meninas estudavam e bordavam em casa.
Aqui você acompanha a história das crianças na cidade, que amanhã faz 450 anos.

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