São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

Mundo

Diário de Guerra

Escritor a conta como é infância durante conflito

Divulgação
A bósnia Zlata em 1993

DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando começou a Guerra da Bósnia na Europa, em 1993, Zlata Filipovic tinha só 11 anos, mas teve de aprender a viver no conflito. Por exemplo: sua escola fechou, e ela estudava com amigos em porões de construções abandonadas. "Aprendíamos a rir." Foi uma professora que sugeriu que Zlata escrevesse um diário contando como era viver na guerra. Agora com 27 anos, a garota bósnia passou pelo Brasil divulgando outro livro, o "Vozes Roubadas" (Companhia das Letras). Nele há diários de crianças que vivenciaram guerras. Ela conta à Folhinha como é estar nessa situação.

Bate papo

Como foi para você, como criança, viver numa guerra?
Eu via a guerra de um jeito mais simples que hoje, mas também mais correto. Não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que estava errado. Muitas pessoas estavam morrendo e aquilo não fazia sentido. Hoje sei mais sobre o conflito, mas o sentimento de injustiça é o mesmo.

Onde mais as crianças sofrem por viver em lugares perigosos?
Milhões de crianças estão sendo afetadas por conflitos em diferentes partes do mundo como Geórgia, Serra Leoa, Uganda, Sri Lanka, Sudão, Haiti, Palestina, Iraque... A lista, infelizmente, é muito longa.

Como isso influencia a infância?
Elas são crianças sem infância, a guerra tirou tudo delas. E toda criança tem direito a ter uma infância, esse momento tão bonito, precioso e curto das nossas vidas.

É possível ter a infância de volta?
Acho que é possível ter partes da infância de volta, mas você tem que querer! Vi muitas coisas feias na minha vida, mas também vi muita bondade. Numa guerra, tudo fica maior, as coisas ruins e as boas também.

Como essas crianças vão ver suas infâncias quando se tornarem adultas?
Acho que não é preciso esperar que se tornem adultas. Ao perderem suas infâncias, essas crianças já se tornaram adultas.

Por que você decidiu ajudar crianças que vivem em situações perigosas?
Trabalhei com diferentes organizações humanitárias. Uma das últimas experiências que tive foi uma campanha para punir os responsáveis pela dor causada a crianças em situações de guerra armada. É importante percebermos o quanto podemos ser úteis.

Como crianças que não vivem em áreas de conflito podem ajudar as que vivem?
Precisamos começar sendo abertos ao mundo em vez de ver as pessoas como estranhas. O importante é ter compaixão e ser o mais bondoso possível.

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