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São Paulo, sábado, 30 de abril de 2005

EM AÇÃO

O mundo com outros olhos

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Ítalo Araujo, 9, gosta de jogar videogame e de brincar na rua com os amigos; ele não perde uma aula de educação física na escola onde estuda e joga basquete na ADD


ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Rayssa tem nove anos, vai à escola de manhã e todas as tardes faz ginástica acrobática, judô, natação e basquete. Ela adora virar estrelas e fazer parada de mão. Além do fôlego para tanta coisa e da grande habilidade que tem com o corpo, a única coisa que difere Rayssa de outras crianças é uma prótese na perna direita.
"Não acho que isso torna a minha vida muito diferente", diz Rayssa. Ela gosta muito de estudar e diz que quer ser pediatra (médico que cuida de crianças) quando crescer. "Quando foi operada, há três anos, ela não me esperava e trocava os curativos da perna sozinha, com todo o cuidado", conta a mãe, Josefina.
Ítalo, 9, que é cadeirante, mora numa rua tranqüila e é lá mesmo que brinca todos os dias com os amigos e vizinhos. Ele conta que a única parte em que a cadeira de rodas atrapalha a brincadeira é na hora do esconde-esconde. "Não dá para correr muito", diz. Ele nada desde os três anos de idade e participa da equipe de basquete em cadeira de rodas da ADD (Associação Desportiva para Deficientes), onde Rayssa também treina. Apesar de não ser cadeirante, Rayssa joga sobre cadeira de rodas para acompanhar os colegas.
Ítalo conta que, apesar de levar uma vida sem muitos problemas, tem um inimigo em especial: cocô de cachorro na calçada. "É ruim, porque se a roda da cadeira suja, é uma complicação", conta.

Lua
Gabriel, 11, perdeu a visão aos quatro anos de idade, por causa de uma doença chamada glaucoma. Ele manteve, no entanto, 5% da capacidade de ver em um olho. É assim que consegue, por exemplo, distinguir cores mais fortes e identificar a claridade. Gabriel também consegue identificar a Lua no céu.
Fã da banda Skank, uma das diversões do menino é ligar para as rádios para pedir as músicas do grupo. Na escola, ele é um dos primeiros alunos da classe -para onde leva sua máquina de escrever em Braille. Nos fins de semana, aproveita para ter aulas de inglês e informática. Com um programa especial que faz o computador "falar", Gabriel adora navegar pela internet.
Bruna, 9, faz inglês, hipismo e natação e gosta de jogar e de ouvir músicas em seu iPod. Os fones do aparelho levam o som até bem pertinho de seu ouvido. Ela teve uma perda de audição severa por causa de uma doença chamada rubéola.
Tratamentos contribuíram para que ela pudesse desenvolver sua capacidade de ouvir e de falar. Ela usa aparelho no ouvido todos os dias e diz que tem muita disciplina, pois ele requer cuidados. À medida que cresce, ela tem de trocar de aparelho, assim como Rayssa troca de prótese quanto maior vai ficando. O aparelho antigo, Bruna doou para uma criança carente. Ela já vai para o terceiro aparelho, seu companheiro fiel de festas e passeios com as amigas da escola.

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