São Paulo, sábado, 1 de janeiro de 1994
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Ken Follet vai à Inglaterra vitoriana

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ken Follett vai à Inglaterra vitoriana
Ken Follett, 43, é entre os autores de best sellers o mais "aceito" pela crítica profissional. Livros como "O Buraco da Agulha", "Os Pilares da Terra" e "Noite Sobre as Aguas" foram elogiados –com os costumeiros senões– por críticos em geral devotados à (como se diz mesmo?) alta cultura. Agora, com o lançamento de "Uma Fortuna Perigosa" no Brasil, já o terceiro da lista dos mais vendidos, mais uma vez os "esclarecidos" esfregam as mãos para mostrar como sabem descer à (como se diz mesmo?) cultura de massas.
Mas a verdade é que o talento de Follett não passa no buraco de uma agulha. O segredo do seu sucesso (para usar uma expressão dos "analistas de marketing") é o mesmo de qualquer best seller: personagens planas e glamurizadas; tramas ao redor de ricos, criminosos e amantes; diálogos ligeiros e simplórios.
Se Follett é melhor que Grisham, para citar a "pin-up" literária do momento? Bem, para comparar obras de arte é preciso comparar suas qualidades. Em ambos há ampla escassez delas. Grisham faz mais sucesso neste momento pela mesma razão que explica que 58% dos televisores brasileiros hoje estarão ligados nessa antiquada, mal dirigida e imbecil novela das oito.
Em "Uma Fortuna Perigosa" Follett segue o estilo de "Pilares da Terra" –um romance histórico em torno de uma família rica. No caso, Follett acha que está escrevendo sobre a "aristocracia" inglesa, velho tema das revistas de decoração; mas entende tanto de aristocracia quanto Edson Celulari de interpretação. A trama? Enquanto tia Augusta tenta lhe passar a perna, o filho de um banqueiro da Inglaterra vitoriana se envolve com um embaixador espanhol, sífilis à espreita. Oh!
Título: Uma Fortuna Perigosa
Autor: Ken Follett
Quanto: CR$ 7.620,00

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