São Paulo, sábado, 1 de janeiro de 1994
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Brasileiros defendem reserva de mercado

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A briga dos europeus para defender seu mercado da invasão audiovisual americana reacendeu, no Brasil, a discussão sobre a conveniência da reserva de mercado para o cinema nacional.
A lei da obrigatoriedade da exibição de filmes brasileiros durante um determinado número de dias (fixado anualmente) continua em vigor, mas não é cumprida desde o governo Sarney –um pouco por falta de filmes, um pouco por falta de fiscalização e muito por causa do poder de um punhado de grandes distribuidoras (UIP, Warner, Columbia, Fox) que virtualmente monopolizam o mercado exibidor.
A maioria dos cineastas e produtores brasileiros considera a lei da obrigatoriedade (a chamada "quota de tela") uma espécie de mal necessário, pelo menos enquanto a produção brasileira não for capaz de se impor no mercado com as próprias pernas. "No dia em que a economia do cinema brasileiro estiver integrada com a economia da TV e contar com mecanismos de captação de investimentos externos, essas medidas protecionistas serão desnecessárias", define Cacá Diegues.
O produtor Aníbal Massaini Neto, presidente do Sindicato da Indústria Cinematográfica de São Paulo, considera a reserva uma contrapartida à ausência de taxação dos filmes estrangeiros, que entram no país como bens culturais isentos de impostos.
Para Adhemar de Oliveira, diretor da distribuidora Filmes do Estação e programador do Espaço Banco Nacional de Cinema, de São Paulo, o cinema brasileiro perdeu o mercado em grande parte graças à ausência de uma política de exibição. Ele dá como exemplo o Conselho Nacional de Cinema da França, que estabelece uma política para todas as áreas da atividade cinematográfica, chegando a dar dinheiro para reforma de salas e para as pequenas distribuidoras legendarem filmes franceses em outras línguas, visando a exportação. (JGC)

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