São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Vencedora da SS não vive só de correr

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A vencedora da São Silvestre do ano passado, a queniana Hellen Kimayo, não era uma das favoritas nem para ela mesma. "Não esperava vencer. Mas ganhei e foi bom", disse após a corrida. Kimayo, 25, nem sequer se dedica só ao esporte. Em Nairóbi, capital do país, a atleta, de 1,75 m e 52 kg, trabalha como recepcionista da empresa queniana de telecomunicações e correios.
Kimayio disse que a subida da av. Brigadeiro Luiz Antonio, o "terror" da maioria dos atletas, não a assustou. "Subidas assim têm muitas onde eu treino no Quênia", brincou.
Kimayio não falou, mas a falta de experiência no percurso a atrapalhou na prova. Logo após deixar a praça Padre Péricles, no extremo oeste do percurso, ela precisou subir para a calçada ao fazer uma curva, embolada com a portuguesa Albertina Dias, a brasileira Carmen Oliveira e a sua compatriota Sally Barsosio.
Kimayio não estava entre as maiores favoritas. Elas eram Barsosio, terceira colocada na prova de 10.000 m do Mundial de Atletismo em Stuttgart, Alemanha, Carmem e a mexicana Maria del Carmen Diaz, segunda e primeira colocadas na São Silvestre no ano anterior, e Albertina, campeã mundial de cross-country.
No início da prova, as cinco mais a queniana Hellen Chepnegno corriam juntos. A brasileira Silvana Pereira ia um pouco atrás. No início do elevado Costa e Silva (Minhocão), Silvana perdeu contato com as líderes e mais adiante o mesmo aconteceu com Chepenegno. As cinco seguiram juntas até o meio do nono quilômetro, quando a mexicana e depois Barsosio não aguentaram o ritmo.
Na av. Brigadeiro Luiz Antonio (onde se correm os últimos 2 km antes da reta de chegada), Albertina Dias, que dizia ser especilista em subidas, ficou para trás. Quando faltava um quilômetro, Kimayio arrancou e não foi mais alcançada por Carmem. No pódio, teve que se contentar com uma garrafa-gigante de Sidra em vez da tradicional champanhe. Antes, deu um forte abraço na empresária, a holandesa Carolyn Feith.
Carmem
A brasileira Carmem Oliveira ficou feliz, apesar de ter ficado em segundo lugar pela quarta vez –a terceira em quatro anos. "Corri sempre no meu limite, para não deixar a prova confortável para as quenianas. Se ela ganhou é porque o seu limite era maior. Saquei as ganas, mas ela ganhou." O seu tempo de anteontem foi 3min48 melhor do que da corrida anterior, 50min31 contra 54min19.
O seu técnico, Brian Apell, também estava sorridente. "No ano anterior, ela perdeu –porque não teve pernas. Desta vez, não, foi a outra que ganhou", afirmou. "Em fevereiro, eu tinha corrido 15 km em 49min02, mas foi num percurso absolutamente plano, na Flórida", compeltou ela.
Sobre os torcedores que invadiram a pista para lhe entregar águas, ela disse que não foi atrapalhada "Estava desligada. A gente sente que eles querem ajudar."

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