São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Mercado está otimista em relação a 94

DA REPORTAGEM LOCAL

O Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis) traça dois quadros possíveis em 94 para o mercado de imóveis novos. Ambos são otimistas e apontam, no mínimo, manutenção do ritmo de vendas do segundo semestre de 93 –período marcado pela recuperação do setor.
Segundo essa análise, o rumo dos negócios dependeria da aprovação ou não de diretrizes para a economia reunidas no chamado Plano FHC. "Se for mantida a atual conjuntura econômica, ou seja, inflação controlada, porém alta, para este ano há expectativa de volume de vendas próximo ao registrado nos últimos meses de 93", diz Walter Lafemina, 47, vice-presidente do Secovi e presidente da construtora Company.
Ele afirma que, nesse caso, o mercado continuará escoando sua produção quase que exclusivamente para consumidores finais, que compram com objetivo de moradia.
O segundo quadro possível é delineado para a hipótese de o Plano FHC ser aprovado. "Nos meses seguintes à aprovação do plano a inflação deve cair vertiginosamente, beneficiando o mercado produtor", diz Lafemina. Isso deve acontecer porque as aplicações financeiras perdem seu poder de sedução, já que deixam de oferecer a falsa idéia de grande rentabilidade, gerada por índices de inflação altos.
Segundo Lafemina, muitos investidores devem voltar ao mercado, elegendo a compra de imóveis como a melhor opção de ativo. A situação também deve aumentar o movimento nos negócios de dois segmentos muito castigados pela recessão econômica: o mercado de flats e de conjuntos comerciais, ambos com grande oferta atualmente.
O consultor imobiliário Lincoln Jorge Marques, 36, é mais cauteloso. "Talvez o mercado esteja tão animado com o volume de vendas de 93 em função dos anos anteriores terem sido muito ruins." Segundo ele, é prematuro afirmar que os negócios em 94 vão manter o ritmo do fim do ano passado.
Marques afirma que o hoje o comprador de imóvel está mais racional e bem informado. "A chamada compra emocional, por impulso, atualmente é rara. E a sensação de instabilidade geral, que faz as pessoas terem medo de perder o emprego, por exemplo, dificulta os negócios".
A despeito das ponderações, as construtoras apostam no otimismo como prova o planejamento de lançamentos para 94. A construtora Gafisa, por exemplo, tem programado para este ano 30 novos empreendimentos em São Paulo –número 50% maior que os lançamentos feitos pela empresa em 93.
"Os produtos da Gafisa foram bem aceitos no ano passado, o que aumenta nossa confiança. Sabemos que há mercado para absorver novos empreedimentos", diz Odair Senra, 47, diretor de incorporações da construtora. Os imóveis a ser lançados são casas (em condomínios fechados) e apartamentos de três e quatro quartos.
A construtora Company, que lançou apenas quatro empreedimentos em 93, já planejou dez lançamentos para 94. Um será de alto padrão no Morumbi (zona oeste), com apartamentos de 750 m2 de área útil. No mesmo bairro também programou um edifício com unidades compactas de quatro quartos. Outros seis lançamentos serão de apartamentos de três quartos, com preços entre US$ 40 mil a US$ 90 mil, conforme a localização e tamannho. Há planejado ainda um prédio destinado a solteiros e casais sem filhos. (Telma Figueiredo)

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