São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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companheiro DA VOZ

SÉRGIO DÁVILA

Ouvir a voz de Jorge Ramos fora do contexto é experiência esquisita. Imediatamente vem à cabeça uma sala escura de cinema, um telão e a parte mais legal do filme – os trailers que passam antes. O dublador carioca Jorge José Ramos, 52, cede sua voz a dez em cada dez trailers cujos filmes serão exibidos nos cinemas do Brasil. Com um timbre metálico e anasalado, Ramos consegue deixar o pior "trash movie" com aura de cult – claro que a edição alucinada ajuda. "O segredo é enganar da melhor maneira possível", diz ele, na boa. "Às vezes, nosso desempenho na dublagem fica melhor que o do companheiro estrangeiro." Pela linguagem você já percebeu: Ramos é engajado. "Por conta de minhas atividades políticas, estou proibido na TV até hoje", diz, com certo orgulho. Ramos não cuida da voz. Fuma – "um desvio de caráter" – e bebe gelado. Começou em 1964, já foi Steve Austin, o "Cyborg", e fez trailer de mais de mil filmes. Vai pouco a cinema, mas é certo: breve, estará em um, perto de você.
– S.D.

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