São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
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Parreira teme derrota "fora de campo"

JOÃO MÁXIMO
DA SUCURSAL DO RIO

A confiança de Carlos Alberto Parreira no sucesso brasileiro na Copa do Mundo só esbarra num ponto: o medo que ele tem de que a seleção possa ser derrotada fora do campo. Pouco antes de embarcar ontem à noite para os Estados Unidos, Parreira disse à Folha que vai passar os próximos 20 dias tão desligado quanto possível dos problemas da seleção. "Coisas como briguinhas entre jogadores, por exemplo, só serão resolvidas daqui a cinco meses, quando o grupo se reunir", afirmou.
O medo do técnico apóia-se em quatro pontos principais:
1 - Problemas de dinheiro entre os jogadores. De um lado, a questão sempre complicada dos prêmios por vitória (bem resolvida nas eliminatórias, porém mais complexa numa Copa). De outro lado, o ciúme que geralmente surge entre os jogadores quando um ou alguns deles conseguem melhores contratos de patrocínio. A seleção já pagou caro por isso em outras Copas.
2 - Falta de união em torno do que ele considera o mais importante: "a camisa amarela da seleção brasileira." União de todos, jogadores, dirigentes, torcedores, imprensa. Parreira queixa-se desta última: "Não me refiro às críticas, que são legítimas, mas às inverdades. Muita mentira foi e continua sendo publicada, e isso tumultua a seleção. Já inventaram briga minha com Palhinha, com Valdo, com outros mais. Temo coisas semelhantes mais perto da Copa."
3 - Vaidade. Os jogadores são estrelas, alguns com tendência a colocar seus interesses pessoais acima dos do grupo.
4 - Otimismo exagerado. A atual seleção sabe ser uma das favoritas. E jamais conviveu bem com isso no passado.
Parreira viajou ontem com a mulher e as filhas. Passará com elas alguns dias em Nova York e depois viajará para Santa Clara, Califórnia, para um seminário, nos dias 13, 14 e 15, no qual fará quatro palestras sobre a seleção brasileira (perfil tático, métodos de treinamento, partidas disputadas em 1993, todas ilustradas com vídeos e duas com participação de Pelé).
Em seguida, Américo Faria se encontrará com ele para escolherem em definitivo os locais de hospedagem e treinamento da seleção na Copa. "O hotel escolhido é que vai determinar o local de treinamento, em função de ser mais perto de Stanford ou de Santa Clara. Não há opções fora das universidades."

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