São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
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Escândalo sexual atinge mais um ministro do governo John Major

HUMBERTO SACCOMANDI
DE LONDRES

Mais um escândalo sexual está abalando o Reino Unido. Desta vez o envolvido é o ministro do Meio Ambiente, Tim Yeo. Ele admitiu na semana passada que teve uma filha numa relação extraconjugal. O caso embaraça o governo do premiê conservador John Major, que promove uma campanha para relançar os valores da família tradicional.
Yeo, 48, interrompeu suas férias e voltou às pressas ao país após admitir na semana passada ter uma filha de cinco meses, nascida de uma relação com uma vereadora de seu próprio partido. O ministro é casado e tem filhos adultos.
Ontem o jornal popular "The Sun", o mais vendido do Reino Unido, pediu a renúncia de Yeo. Conservadores também insinuaram que esperam a renúncia do ministro. O premiê Major não parece disposto a defendê-lo.
A vida privada dos políticos desperta menos atenção no Reino Unido do que nos EUA, mas um caso extraconjugal envolvendo um ministro provoca sempre escândalo. Em novembro, Major lançou uma cruzada pelo retorno a valores sociais mais conservadores. Isso incluiu uma crítica às mães solteiras, muitas das quais teriam filhos somente para conseguir assistência social, diz o governo.
Yeo pode entrar para uma longa lista de políticos britânicos que tiveram carreiras prejudicadas ou destruídas por relações fora do casamento. O mais célebre é John Profumo, ministro da Guerra entre 1960 e 1963. Ele tinha caso com a mesma prostituta que servia o adido naval da embaixada soviética em Londres.
Curiosamente, os casos mais famosos envolvem políticos conservadores. Em 1983, Cecil Parkinson, líder do partido, renunciou após ter tido um filho com sua secretária. No ano passado, o ministro da Cultura, David Mellor, amigo pessoal de Major, renunciou após a revelação de que mantinha um caso com uma atriz. Ela deu entrevistas dizendo que o ministro gostava de recitar Shakespeare de cuecas, em pé na cama, entre outras coisas.
O caso extraconjugal que mais abalou o país, no entanto, foi a relação entre o príncipe Charles e Camilla Parker-Bowles, confirmado pela gravação de uma conversa telefônica entre os dois. Charles ainda não havia se separado da princesa Diana. Em dezembro, um teólogo anglicano disse que Charles não podia ser rei, já que havia quebrado seu voto de fidelidade a Diana. O rei britânico é também chefe da Igreja Anglicana.

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