São Paulo, quinta-feira, 6 de janeiro de 1994
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Deputado chora na comissão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) deu ontem o depoimento mais rápido e mais lacrimejante já ouvido pela CPI do Orçamento. Durante 78 minutos, ele caiu várias vezes no choro e não acrescentou nenhuma informação relevante às investigações.
É a segunda vez que a CPI enfrenta as lágrimas de Geddel. A primeira aconteceu quando a comissão recebeu cópia de uma fita gravada há vários anos e que registrava uma conversa entre o deputado João Alves (sem partido-BA) e José Carlos Alves dos Santos. Na conversa, os dois acertaram a modificação de um parecer sobre o Orçamento redigido pelo então deputado Afrísio Vieira Lima, pai de Geddel.
A noiva de Geddel, Ana Paula Gonçalves, também chorando, foi buscar o deputado na sala da CPI, após o depoimento: "Acompanhei sua angústia. Ele conseguiu provar que não tem nada com isso."
Geddel não foi questionado sobre seu patrimônio (uma linha telefônica, 120 hectares de terra na Bahia, uma Parati 89 e o título do Iate Clube da Bahia) e negou ter incluído emendas ao Orçamento para privilegiar a Construtora Norberto Odebrecht.
O deputado foi convocado pela CPI porque seu nome aparece nos documentos encontrados na casa do diretor da construtora Norberto Odebrecht, Ailton Reis, ao lado de um percentual (4%). "Esses papéis são de caráter unilateral. Se esse percentual significa um cálculo matemático de ajuda a campanhas eleitorais futuras, como disse o diretor da empresa, a mim não chegou qualquer oferta. Se ousasse chegar, seria repelida de maneira viril", disse Geddel.
Apenas os senadores Gilberto Miranda (PMDB-AM) e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), além do relator, deputado Roberto Magalhães (PFL-PE), inquiriram Geddel. "Não havia o que perguntar a ele", disse Magalhães. Nada foi encontrado contra o deputado baiano, durante as investigações das subcomissões. O relator prevê que essa "perda de tempo" ocorra outras vezes: "Vamos ouvir sempre pessoas contra as quais não há nada." O relator acusou o senador Paulo Bisol (PSB-RS) e o deputado Aloísio Mercadante (PT- SP), de serem os responsáveis por essa falta de critério nas convocações.

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