São Paulo, quinta-feira, 6 de janeiro de 1994
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Estado culpa diretor por motim de 30 horas

DA FOLHA VALE

O governo do Estado de São Paulo afirmou ontem que a direção do presídio Edgard Magalhães Noronha, em Tremembé, falhou nas negociações para o fim do motim que começou às 13h de terça-feira no local. Trinta horas depois de começada a revolta e fracassadas as tentativas de negociação, um grupo de 30 detentos ainda dominava um dos 16 pavilhões da prisão, impedindo 70 presos de sair da cadeia.
"Houve falha do diretor, que quis resolver o problema sozinho", disse o secretário da Administração Penitenciária, José de Mello Junqueira. As 18h de ontem, ele enviou o secretário-adjunto Antônio Ferreira Pinto para Tremembé. As 19h15, Pinto chegou para tentar resolver a revolta.
Junqueira apontou como principal falha do diretor Luís Carlos de Souza a falta de PMs durante a noite em volta da cadeia. Como o pelotão de choque do 5.º BPM não teve sua entrada no presídio autorizada pelo juiz-corregedor Fernando Torres Garcia, a tropa voltou ao quartel. Sem proteção externa, cerca de 30 presos fugiram durante a noite. Nove haviam sido recapturados até as 19h30.
Os presos exigem a presença do juiz Garcia. A direção do presídio afirmou que não vai chamar o juiz porque a rebelião é um problema administrativo. Ontem, quem comandou as negociações à tarde foi o diretor da Coespe (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo), Lourival Gomes.
Gomes disse que, embora alguns setores estejam dominados pelos presos, não há notícia de feridos. Ele disse que não foi possível um acordo porque a principal reivindicação dos presos é a substituição da diretoria. Gomes disse que essa reivindicação não poderá ser atendida.
Os presos recapturados foram levados para a Cadeia Pública de Tremembé e Cadeia de Taubaté. Segundo ele, os presos que foram recapturados deixarão de cumprir pena em regime semiaberto e retornam para uma penitenciária de regime fechado.
Um grupo de cem presos que havia se recusado a entrar no presídio na noite de anteontem permaneceu do lado de fora. As 6h, eles se negaram a embarcar nos ônibus para irem ao trabalho. Eles ficaram aguardando o resultado da negociação.

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