São Paulo, quinta-feira, 6 de janeiro de 1994
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Laudo culpa obra da prefeitura por cratera

LUÍS HENRIQUE AMARAL E ADRIANE GRAU
DA REPORTAGEM LOCAL

Laudo culpa obra da prefeitura por cratera
O desabamento da passagem de nível da avenida Santo Amaro no dia 24 de novembro foi causado por um rompimento da galeria do córrego do Sapateiro. No local do acidente, a galeria passa sobre o túnel. A conclusão é do laudo preparado por técnicos a pedido da prefeitura. O rompimento da galeria foi causado pela obra do túnel, que é realizada pelo consórcio CBPO-Constran. Desde o dia do acidente, a prefeitura pagou US$ 30 milhões para as empresas.
Segundo o laudo, a galeria "não tinha sido dimensionada, quando de seu projeto há cerca de 30 anos, para esforços de flexão, e portanto não oferecia resistência a recalques". Recalque é a movimentação da terra causada pela escavação do túnel. A galeria não foi reforçada, gerando o acidente.
O laudo diz que o recalque, causado pela obra, trincou a galeria. A água que vazou da galeria levou a terra do local, tirando seu apoio. Sem base de sustentação, a galeria ruiu, caindo no túnel.
Ainda segundo o laudo, no dia 10 de novembro, houve o "maior recalque", ocasionando o trincamento da galeria. Mesmo com esse trincamento, a obra continuou, acarretanto trincamentos em outros pontos. Nos dias 22 e 23, a medição dos recalques, segundo o relatório, apresentou resultados "excessivos". O relatório não deixa claro se as obras deveriam ter sido interrompidas neste dia.
Segundo o vereador Adriano Diogo (PT), que é geólogo, a prefeitura deveria ter analisado as prováveis "interferências" (fatores que podem causar prejuízos à obra) do local. "Quando o Metrô construiu a estação Clínicas, a adutora da Sabesp que passava no local foi totalmente escorada para evitar o risco de rompimento."
O laudo é assinado pelos engenheiros Epaminondas Melo do Amaral Filho, Mosze Gitelman, Tarciso Barreto Celestino, Paulo Eduardo Simão Taliba, pelo arquiteto Eduardo José de Carvalho Filho e pelo advogado Edgard Hermelino Leite Junior.
O laudo não é muito claro a respeito do desabamento na av. Juscelino Kubitschek. Afirma que ele "foi diretamente condicionado pelo poço abandonado, não conhecido", mas não esclarece de que tipo de poço se trata nem quando teria sido construído. Em seguida, diz que esse poço fez ceder a parede que divide o túnel e a galeria do córrego.

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