São Paulo, quinta-feira, 6 de janeiro de 1994
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É tempo da hegemonia teen no futebol

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, mal viramos o ano e já vem aí o "ó que delícia de guerra". O planeta terra é redondo. A bola é redonda. E a bola já está de novo rolando no planeta fut.
Vem aí a grande teen bolada. Começa amanhã a 25.ª Copa São Paulo de Futebol Júnior. Pouca gente se dá conta disso, mas este é um dos nossos mais importantes torneios.
No ano passado, as finais foram eletrizantes e muitos nomes apareceram –embora nem todos tenham se confirmado como profissionais. O sucesso do Vitória no Brasileirão, por exemplo, já se anunciava na Copa da moçadinha.
A Copa Júnior ocorre em uma conjuntura muito especial do futebol brasileiro: tem havido uma renovação bastante significativa de valores e os times –com as finanças aos pandarecos– têm optado por lançar a jovem guarda, já que nem todo mundo é aquela Parmalat toda para sair arrematando as estrelas do fut.
Esta Copa é uma espécie de quinzena dos jovens realizadores do Festival de Cinema de Cannes. É a oportunidade para o mercado observar os talentos mais promissores. Se, ligada a ela, houvesse uma estrutura bem realizada de negociação dos melhores valores do futuro –a exemplo do que ocorre na NBA americana– o futebol já começaria o ano com outra perspectiva.
Mas enquanto dias melhores não chegam, vamos nos entregar ao doce prazer que é ver esta mocidade alegre e esta mocidade independente tocar a bola com muito viço e pouco vício. Eu acredito é na rapaziada: todo poder ao poder ultra jovem. Não verás verão como este.
O mundo é redondo. A bola é redonda. Então roda. Roda e avisa. Lá do outro lado da bola mundo a bola também rola em ritmo de festa do futebol no império do sol (que também é uma bola).
Neste fim-de-semana, lá na terra dos japs, começa a ser disputada a primeira final da J. League, a liga profissional de futebol do Japão (a TV Cultura deve passar os jogos das finais com uma semana de defasagem).
Os japoneses começam a entrar no círculo do fogo da bola internacional. Não deixa de ser, a seu modo, também um futebol no viço, ou melhor, noviço. Longa vida ao gol nascente no império do sol. Banzai! Banzai! Banzai!
Vida em dia
Eu não digo que esta é uma coluna amante da bola e da poesia? Lá da velha Academia –não a do Parque Antarctica, do poeta Ademirável da Guia, mas a Brasileira de Letras– Arnaldo Niskier manda um amável bilhete e lembra que o Romário, como ele, torce pelo América. Soy loco por ti, América, como canta o Zé Trajano.
O também poeta e professor da São Francisco e da PUC Newton de Lucca envia crônica comprovando poética e logicamente que o São Paulo é o maior time. Então tá combinado: na razão, o Palmeiras foi melhor; na poesia, o São Paulo foi imbatível.
Shigueo Shimosakai sugere que o Brasil seria melhor se, em vez dos anões, tivessemos a República dos Baixinhos, capitaneada pelo Romário. E o César Guimarães diz que este ano será dos três Fs: futebol, Fórmula 1 e Fernando Henrique. Cuidado César, porque o Gregório de Mattos dizia que a Bahia, que eu adoro tanto, se compunha de quatro Fs... e nenhum deles muito lisonjeiro.
E saravá que este jogo não pode mesmo ser um a um.

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