São Paulo, sábado, 8 de janeiro de 1994
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Disputa pelo Eldorado chega à Justiça

MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de chegar à delegacia de polícia, a disputa pelo patrimônio do grupo Eldorado, avaliado em US$ 300 milhões, foi parar na Justiça. O Eldorado ocupa a sétima posição no ranking dos maiores supermercados do país e faturou, em 93, valores próximos a US$ 600 milhões.
Ontem, a holding Verpar, que representa a ala dos sobrinhos e primos do fundador do grupo, deu entrada no Fórum Central de São Paulo à ação ordinária para oficializar a divisão dos bens da empresa, mesmo sem a assinatura da holding Taveri, que representa as filhas do patriarca João Alves Veríssimo, morto em 1990.
"Eles já haviam entrado com pedido para reavaliar os bens e a ação foi julgada improcedente pelo juiz. Está tudo formalizado para a oficialização da separação das empresas, mas a Taveri não compareceu para assinar os documentos", disse Luis Rodriguez Corvo, advogado da Verpar.
"Nós também queremos a cisão, desde que a divisão seja em partes iguais. Isso será feito a partir do momento que a Verpar fornecer os dados que está sonegando. A ação a que se refere a Verpar era simplesmente uma medida preparatória, sem a conotação dada", afirmou Aldo Raia, advogado da Taveri.
Pelo compromisso de cisão dos bens, assinado em julho último, a Verpar ficaria com os hipermercados do grupo, a indústria de conservas Vega e o Moinho Paulista. A Taveri caberia o atacado J.A. Veríssimo, a indústria de óleo Crowel e a agropecuária S. José do Araguaia, além de terrenos e imóveis.
O Shopping Center Eldorado, localizado em São Paulo, com administração totalmente profissionalizada, ficaria com as duas alas da família.
As duas partes reconhecem que o acordo para a separação é "irretratável e irregovável". As divergências surgem quanto aos valores atribuídos aos bens que ficaram para cada holding.
A Folha apurou que as irmãs Maria da Conceição, Maria Lucia e Maria Helena reivindicam acerto da ordem de US$ 30 milhões.
A disputa pelo Eldorado vem a público um ano depois que se iniciou o conflito da família Diniz pelos bens do grupo Pão de Açúcar, solucionado em novembro, com a condução de Abílio Diniz à condição de acionista majoritário do grupo.
Donos de grandes redes de supermercados consultados pela Folha são unânimes ao colocar João Alves Veríssimo Sobrinho, da holding Verpar, hoje na presidência do Eldorado, como uma das maiores autoridades de abastecimento do país e o maior responsável, depois do fundador do grupo, pela consolidação das empresas.
Mas João Sobrinho teria deixado, no acordo assinado entre as partes em julho último, ainda segundo avaliação das grandes redes, contas de IPTU e ITR junto com terrenos e galpões para as filhas do fundador. Esse é agora, também, um dos pilares de argumentação da Taveri.
João Carlos de Paiva Veríssimo, da Verpar, lembra que foram as primas que relacionaram a parte que caberia a elas na divisão. Elas poderiam ter ficado com o varejo, mas se recusaram. O advogado Rodriguez Corvo vai além: "Elas foram assessoradas por bancos do porte de um J.P. Morgan. As empresas de auditoria e advogacia contratadas pela Taveri tiveram o prazo que pediram para estabelecer a divisão. É uma questão a ser resolvida entre a Taveri e seus assessores", avalia.
O J.P. Morgan afirmou que o contrato assinado entre as partes deixou pendentes ativos cujos valores ainda teriam que passar por novo acerto.

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