São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 1994
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Roriz não explica destino de US$ 1,2 milhão

FLÁVIA DE LEON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O depoimento do governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, à CPI do Orçamento não esclareceu qual foi o destino dado a uma verba de US$ 1,2 milhão liberada pelo Ministério da Ação Social para a construção de 54 galpões em todo o país.
Na avaliação de parlamentares que ouviram o depoimento, as declarações de Roriz foram inconclusivas. "Foi o pior depoimento que já assisti. O governador se revelou despreparado e inseguro", disse o deputado Sérgio Miranda (PC do B-MG). Roriz foi ouvido por cinco deputados, inclusive o relator da CPI, Roberto Magalhães (PFL-PE).
A principal dúvida que ficou sem resposta é sobre o convênio entre o governo do Distrito Federal e o Ministério da Ação Social (gestão Margarida Procópio), no valor de US$ 1,2 milhão, datado de 31 de dezembro de 1990 –um dia antes de Roriz tomar posse. A vice-governadora, Márcia Kubitschek, assina como testemunha.
O convênio deu origem a um contrato entre a Codeplan (Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central) e a Fundação da Fraternidade Essênia no Brasil para a construção de 54 galpões em todo o país. "Não se sabe o que aconteceu com o dinheiro, que é da União, e que galpões são esses", declarou Magalhães.
Sérgio Miranda considerou incompreensível que um governador assine convênio para fazer obras em outros Estados. A Folha procurou ontem a sede da fundação. No local funciona o Colégio AD1, que está em obras.
O vigia Sebastião Gonçalves disse que a fundação vendeu o prédio para o grupo Compacto há seis meses. "Em 23 de dezembro (último) eles vieram aqui, encostaram um caminhão e levaram o resto das coisas", disse. Segundo Gonçalves, a fundação já ocupou o local junto com a escola.
Foi perguntado a Roriz se ele conhecia os deputados Cid Carvalho (PMDB-MA), Genebaldo Correia (PMDB-BA) –acusados de envolvimento em irregularidades no Orçamento–, o empreiteiro Onofre Vaz (Servaz) e o ex-secretário nacional de Saneamento, Walter Annicchino. Roriz respondeu que mantinha com eles um relacionamento formal. Miranda disse ao governador que uma festa gravada em vídeo mostra Cid Carvalho fazendo uma saudação a ele. Roriz, segundo seu relato, não soube o que responder.
O deputado Benito Gama (PFL-BA), coordenador da Subcomissão de Bancos, disse que o depoimento "ficou incompleto". Roriz apresentou documento feito por sua assessoria contábil que calcula sua movimentação bancária entre 1989 e 1993 em US$ 5,4 milhões. A subcomissão apurou o valor de US$ 6,3 milhões.
No final do depoimento, Roriz perguntou a Benito se havia algum documento que o envolvesse com empreiteiras ou com algum dos deputados do grupo dos "sete anões". Benito respondeu que "até às 14h de hoje (sábado) não havia esse documento".
O governador deixou dúvidas quanto a suas declarações de renda e se comprometeu a esclarecê-las. Não explicou relatórios do Ministério da Justiça, apontando irregularidades em obra no presídio da Papuda, e do Ministério da Educação, que indica superfaturamento na construção da Escola Técnica de Taguatinga.

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