São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 1994 |
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Cassandra Wilson deixa de ser "cult" Aos 36, cantora mostra ousadia em novo disco CARLOS CALADO
Já era tempo. Desde que seu vozeirão grave e marcadamente negro surgiu nove anos atrás, num disco do saxofonista Steve Coleman, Cassandra, 36, vem provando álbum a álbum que é uma das maiores revelações do vocal jazzístico. Mais ainda: seus trabalhos sempre demonstraram inconformismo em relação aos limites desse gênero, ampliado por experiências com funk, rap, blues, ritmos afros e latinos. Nascida em Jackson, no delta do rio Mississipi, Cassandra cresceu envolvida pela música. Com a mãe, fanática pelo rhythm n' blues da Motown, ouvia muito rádio –só desligado para curtir a enorme discoteca de jazz do pai, fã de Ella Fitzgerald, Duke Ellington e Thelonious Monk. Acompanhando-se ao violão, já fazia aparições em clubes, nos tempos do colégio. Suas primeiras composições eram na linha "folk" das cantoras Joni Mitchell e Judy Collins. Antes de se radicar definitivamente em Nova York, passou um ano em Nova Orleans, chegando a estudar com Ellis Marsalis, o patriarca do famoso clã jazzístico. Mas foi no Brooklyn nova-iorquino que Cassandra encontrou sua turma: a vanguardista "gang" musical da auto-intitulada M-Base, da qual faziam parte Steve Coleman, o também saxofonista Greg Osby, o baixista Lonnie Plaxico e o guitarrista Jean-Paul Bourelly, entre outros. Em 86, sai seu primeiro álbum ("Point of View") pelo selo alemão JMT, o mesmo dos sete discos seguintes. Dois anos depois, ao lançar "Blue Skies", ela conquistou até mesmo os fãs mais puristas, chegando ao topo do "hit parade" de jazz da "Billboard" com uma deliciosa seleção de "standards" clássicos. Porém, em vez de se render à fórmula bem-sucedida, continuou experimentando com outros gêneros e estilos. A garota odeia redundâncias. Texto Anterior: Nova campanha da Cultura põe em xeque meio televisivo Próximo Texto: CD tem recriações de Robert Johnson Índice |
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