São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 1994
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Sem-terra querem voltar para o Brasil

DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O sucesso dos brasiguaios proprietários de terra não é partilhado por aqueles que estão no Paraguai sem documentação de suas propriedades ou pelos sem-terra, que vivem em condições de miséria.
Segundo levantamento do Comitê Binacional de Brasiguaios, existem hoje 350 mil sem-terra no Paraguai, dos quais 50% seriam brasileiros. O Comitê Binacional é formado por entidades sindicais e religiosas dos dois países.
José Batista dos Santos, 26, diretor do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra do Mato Grosso do Sul e integrante do Comitê, diz que a situação dos brasileiros sem-terra e sem documentos no Paraguai é dramática.
Os sem-terra migraram em massa para o Paraguai após a construção da Hidrelétrica de Itaipu. Eram pequenos proprietários que tiveram terras inundadas ou trabalhadores rurais com esperança de comprar terras baratas. Até o início da década de 80, os brasiguaios não tiveram problemas. A partir de 85, segundo Santos, "começaram as dificuldades com a documentação, com muitos perdendo terras para latifundiários, inclusive brasileiros".
Entre 86 e 92, cerca de 2.000 famílias retornaram ao Brasil via Mato Grosso do Sul. Hoje, estão assentadas nos municípios de Dois Irmãos, Anastácio e Novo Horizonte (MS).
Outros 8.500 brasiguaios, segundo documento do Comitê, devem ser expulsos do Paraguai este ano. São pessoas que estão há muito tempo no país e já não recebem mais permissão para residência provisória. Caso não tenham condições financeiras para se naturalizar, terão de voltar.
Em março próximo, o Comitê quer organizar em Brasília ou em Assunção um seminário sobre a situação dos brasiguaios. "Uma pátria para os brasiguaios" é o tema do seminário, que tem o apoio da CUT paraguaia, da FNC (Federação Nacional dos Campesinos) e entidades brasileiras como a CUT, MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), Pastoral da Terra e partidos de esquerda dos dois países.

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