São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 1994
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Supermercado vê vantagem

FÁTIMA FERNANDES; MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercadistas acham que a conversão de preços em cruzeiros reais para URV deve tomar como base a média de preços de um período mínimo de seis meses. "Se isso não acontecer, o consumidor e os supermercados vão repassar renda para a indústria e para o sistema financeiro, já que boa parte dos últimos aumentos de preços foi especulativa", disse José Roberto Tambasco, do grupo Pão de Açúcar.
Há preocupação generalizada do setor alimentício quanto a transformação dos preços em URV. "Isso vai acontecer de uma só vez? Se for por etapas, como vamos comprar em URV, por exemplo, e vender em cruzeiros? Teremos que fazer a conversão para o consumidor no caixa?", pergunta Firmino Rodrigues Alves, vice-presidente da Apas (Associação Paulista dos Supermercados).
Para Denis Ribeiro, economista da Abia (Associação Brasileira da Indústria da Alimentação), o governo está mudando seu discurso quando fala em tomar como base a média de preços de um período na hora de converter os preços em cruzeiros reais para URVs. "Me lembro que o ministro Fernando Henrique Cardoso disse no início que a adesão à URV seria livre. Quando ele fala em fazer conversão de preço pela média ele se esquece da livre adesão." (ele falou isso antes da divulgação da nota, pela Fazenda, reafirmando o uso voluntário do indexador).
Nos cálculos de Rodrigues Alves, há hoje defasagem de 25%, em média, entre os preços das indústrias e dos supermercados. Isso significa que o preço que o consumidor paga hoje por alguns produtos já custa para os supermercadistas 25% mais. Isso acontece, diz ele, especialmente com os alimentos de maior giro nas gôndolas. São eles: arroz, feijão, achocolatados, molhos de tomate, leite condensado, sabonetes e detergentes líquidos e em pó.
Levy Nogueira, presidente da Abras (Associação Brasileira dos Supermercados), diz que há pressão de compra por parte do varejo, que está repondo seus estoques nesse início de ano. "Mas as compras estão travadas devido aos aumentos especulativos.". Ele acha que a conversão será um desafio. "Os agentes que ganham com a inflação vão agir contra a regulamentação do mercado."
Eletroeletrônicos
Daniel Serrano, diretor comercial da Electrolux, gosta da idéia de conversão de preços pela média. "Não há outro jeito. Os preços atuais têm expectativa de inflação alta." Segundo ele, as indústrias de portáteis e suas revendas trabalham com defasagens de preços da ordem de 15% a 20%, dependendo do produto. "Se pegarmos o preço médio, esse percentual tende a diminuir." Isso acontece, continua ele, porque os preços reais dos eletroeletrônicos vêm caindo. (Fátima Fernandes e Maristela Mafei)

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