São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 1994
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Estranho querido

ZECA CAMARGO

Você agora vai ler sobre um tipo de música que é basicamente chata. Mas é o futuro... Todas as suas fontes modernas estão apontando para a "ambient music" (ou "house" ou "dub" ou só "ambient" mesmo). Então você vai ter que querer ouvir um pouco. Ainda que seja um sacríficio, enfrente. Alguma coisa compensa.
Como, por exemplo, a já clássica "Little Fluffy Clouds" do The Orb. Ou a estranhíssima "Delta", dos estranhíssimos Higher Intelligence Agency. Ou qualquer coisa assinada pelo Banco de Gaia. Todos sons beirando a chatice mórbida. Mas indispensáveis.
Com a curta paciência dos ouvintes "modernos" agindo contra esse tipo de música, que quer justamente fazer você se desligar dos sons que te rodeiam, as primeiras perguntas que surgem são sobre como a "ambient house" consegue sobreviver, gravar cada vez mais álbuns, ter uma posição de prestígio na crítica musical e, eventualmente, pegar uma boa posição na parada inglesa.
A melhor explicação é sem dúvida o forte lobby que a imprensa britânica especializada faz a seu favor –pelo menos eles garantem que isso é o futuro. "Sub-hits" são elevados à categoria de capa naqueles semanários musicais terroristas e os clubes de "ambient" são retratados como templos.
Mas, apesar dos exageros, a música é boa. Geralmente falta uma batida forte, falta refrão, sobram samplers misteriosos –e mesmo assim dá para você se divertir, ouvindo e dançando. Desde que sejam seis horas da manhã, você esteja num clube há no mínimo três horas e sua cabeça já não esteja totalmente sob controle.

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