São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 1994
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Itália deve dissolver Parlamento

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Itália, Oscar Scalfaro, deve dissolver esta semana o Parlamento e convocar eleições gerais. A dissolução, prevista desde o início do governo do premiê Carlo Ciampi, pode ser precipitada por uma moção de censura ao governo a ser votada amanhã pelo Parlamento.
Ciampi assumiu em meados do ano passado, em meio à crise política provocada pelo escândalo "Tangentopoli" de corrupção. Os partidos tradicionais temem a realização de eleições agora, por estarem fragilizados com seu envolvimento nos escândalos.
Em uma tentativa de isolar a esquerda, o líder da Liga Norte, Umberto Bossi, admitiu ontem desistir temporariamente da plataforma federalista de seu partido. O PDS (iniciais em italiano de Partido Democrático da Esquerda, o antigo Partido Comunista Italiano) venceu as eleições municipais de dezembro e aparece como favorito para as parlamentares.
"Eu estou dizendo que, para parar esse fascistas de Ochetto (o líder do PDS), é preciso chegar a um acordo", afirmou Bossi. "Não podemos nos enterrar no federalismo."
Analistas políticos italianos acreditam que a proposta de Bossi pode reunir partidos de centro e centro-direita contra os ex-comunistas. Outros parceiros potenciais da Liga Norte são a Democracia Cristã e personalidades independentes, como o magnata das comunicações Silvio Berlusconi.
Papa
O papa João Paulo 2.º afirmou ontem que, apesar de corruptos, alguns líderes católicos da Itália salvaram o país do comunismo. O papa disse que ninguém pode tirar dos católicos "o grande mérito de terem salvo a liberdade e a democracia" e de terem feito da Itália um país desenvolvido.
A esquerda e a Liga Norte, esta criticada por João Paulo 2.º por suas posições federalistas, atacaram a mensagem do papa.
As eleições, previstas para o fim de março ou início de abril, devem representar um duro golpe para a Democracia Cristã, maior partido do atual Parlamento, que dominou a vida política italiana nos últimos 40 anos.
A moção de censura contra o governo Ciampi foi apresentada pelo deputado radical Marco Panella. Teve o apoio de 150 deputados democrata-cristãos e socialistas, os partidos mais atingidos pelo escândalo de corrupção.
A moção pede a demissão do gabinete e a formação de um novo governo que afaste os ex-comunistas. A situação do governo se complicou com as denúncias de Ricardo Malpica, ex-dirigente de serviços de inteligência, contra o presidente Scalfaro e o ministro do Interior, Nicola Mancino.
Segundo Malpica, Scalfaro teria usado irregularmente verbas secretas quando era ministro do Interior. O atual ocupante da pasta é acusado de obstruir as investigações sobre o uso desses fundos.

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