São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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Dallari vai monitorar preços de oligopólios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O assessor especial da Fazenda, José Milton Dallari Soares, disse ontem que a adoção da URV (Unidade Real de Valor) de modo "intempestivo" poderia desorganizar o mercado. Ele reconheceu que os empresários, sobretudo dos oligopólios, aumentaram as margens desde o anúncio do novo indexador, mas observou que os preços já registram queda nos primeiros dez dias de janeiro em relação ao mesmo período de dezembro.
Dallari informou que o IGP-M atingiu o equivalente a 19,51% nos primeiros dez dias de dezembro. Já em janeiro, no mesmo período, o IGP-M caiu para 17,53%. Ele iniciou um acompanhamento de preços, especialmente olipólios, que estão com margens de lucro 40% acima das registradas em dezembro de 90, sob o controle de preços. Nos setores competitivos, houve ligeira na margem de lucro.
Dallari chegou a afirmar que o governo poderia desistir da URV caso ficasse comprovado que o novo indexador fosse inviável entre os agentes econômicos, sobretudo comércio varejista. Mais tarde, corrigiu a afirmação, observando que o governo estuda fórmulas para evitar confusão no comércio.
O ex-secretário especial de Abastecimento e Preços da gestão de Delfim Netto no Planejamento afirma que o governo não estuda a volta do controle de preços, mas está disposto a usar a legislação em vigor –como a Lei Antitruste– e redução de alíquotas de importação para forçar uma queda no mercado interno. Ele reclamou do aumento médio de 63% reais, acima da inflação, dos medicamentos ao longo de 93.
"Desde que haja cavalheiros de todos os lados, é possível um acordo", comentou Dallari. Em apenas dez dias no cargo, Dallari já identificou que a aceleração dos preços a partir de novembro acontenceu em dois momentos: imediatamente após o anúncio pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, do plano de estabilização, e no final do mês de dezembro.

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