São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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SP pode ter 1 milhão de crianças com tracoma

DA REPORTAGEM LOCAL

Exames realizados em grupos de crianças na capital e cidades do interior de São Paulo vêm revelando um número de portadores de tracoma muito acima do esperado. Na Vila Brasilândia (zona norte de São Paulo), a prevalência foi de 12%. Em três outros bairros, o índice ficou entre 7% e 12%. Se a prevalência média for de 5%, mais de 1 milhão de crianças poderão estar com a doença no Estado.
O tracoma é provocado por bactérias e seus sintomas são semelhantes aos da conjuntivite, ardor, irritação, sensação de areia nos olhos e lacrimejamento. A doença ataca principalmente crianças de 1 a 10 anos. Quando não tratada, pode levar à cegueira. No Estado de São Paulo, não há registro de casos graves nos últimos anos.
Segundo o médico Aluisio Bichir, 41, da direção do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) da Secretaria da Saúde, o tracoma nunca deixou de ocorrer no Estado. A partir de 82, muitos casos foram diagnosticados em Bebedouro (383 a noroeste de SP). Em 86, 7,2% das crianças examinadas na cidade estavam com a doença.
Em 87, a secretaria começou a treinar médicos e os casos passaram a aumentar. "Não sabemos ainda se o aumento se deve a um maior número de exames ou se a doença de fato está aumentando", diz Bichir.
O tracoma é transmitido pela secreção dos olhos ou pela mosca "lambe-olhos". Segundo os médicos, lavar os olhos pela manhã com água e sabão é a melhor maneira de evitar a doença. Falta de higiene e aglomerações em casa ou escolas facilitam a propagação da bactéria.
Segundo o CVS, crianças suspeitas devem ser encaminhadas a um serviço de Saúde. Na falta de médico treinado –"ainda não temos um número suficiente", diz Bichir– o paciente será conduzido a um posto adequado. O tratamento é simples: pomada oftálmica e, em alguns casos, antibiótico.

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