São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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Delegado diz que Pádua tentou fugir

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O ator Guilherme de Pádua foi transferido ontem da 16.ª Delegacia de Polícia (Barra da Tijuca, zona sul) para a carceragem da Polinter (centro). De manhã o delegado substituto da 16.ª, Raul de Castro, disse que Pádua foi transferido porque foi o mentor de uma tentativa de fuga no domingo. A tarde o delegado titular, Rodrigo Villaboim, desmentiu.
Disse que o preso, acusado de assassinar a atriz Daniella Perez em dezembro de 1992, foi transferido para ficar mais perto do 2.º Tribunal do Júri, onde tem prestado depoimentos. A Polinter fica a cerca de 2,5 km do 2.º Tribunal. A 16.ª, a aproximadamente 30 km.
Pádua negou que tivesse participado ou elaborado a fuga. "Há duas semanas começaram boatos de fuga, mas não a denunciei." Ele acusou a Polícia Civil de tê-lo transferido para evitar repercussão de maus-tratos a presos.
No domingo, às 18h, os detentos da cela 5 –em frente à 4, dividida por Guilherme e mais nove presos– foram flagrados quando cavavam. Segundo Pádua, em seguida policiais encapuzados entraram na cela 5 acompanhados do carcereiro e surraram o preso "Jorjão" com porretes. O delegado Villaboim nega: "Houve apenas revista nos detentos".
"Eu fui transferido para diminuir as visitas da imprensa à 16.ª, o que provocaria denúncias de violência contra os presos", disse Pádua. "Na hora da surra do Jorjão todos detentos gritaram protestando, inclusive eu. Agora aquilo vai ser um massacre."
Pádua está na cela 1 da Polinter, com outros 18 presos que esperam julgamento. A maioria é acusada de homicídio e tráfico de drogas. O julgamento do ator está previsto para o segundo semestre. Sua mulher, Paula Thomaz, está presa na carceragem da Polinter (Polícia Interestadual) em Niterói.
O defensor público Braz Fernando Santana, nomeado para a defesa de Pádua, disse que iria pedir sua volta para a 16.ª, mas desistiu porque o ator preferiu ficar na Polinter. De manhã, depois da transferência, Pádua escreveu carta a seus pais que dizia: "Pai e mãe, vim finalmente para um lugar melhor do que a 16.ª, graças a Deus".
O delegado Villaboim afirmou que a transferência de Pádua estava prevista antes da tentativa de fuga. De acordo com ele, o maior problema do ator na 16.ª foi sua saída há meses para acompanhar um preso até um hospital. "Na 16.ª, ele perturbava a rotina porque é uma pessoa conhecida, muita gente vinha aqui entrevistá-lo. Saía muito da cela. Com a mudança teremos mais tranquilidade."

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