São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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Crítica protesta contra peça de Torloni

JAIR RATTNER
DE LISBOA

Apesar de a peça "Dez Elevado a Menos 42 - Extasis", com Christiane Torloni e dirigida por José Possi Neto, ter sido demolida pela crítica portuguesa durante as 15 apresentações que teve no Porto, o espetáculo começa hoje a ser representado em Lisboa.
O motivo da polêmica não foi a peça, mas o subsídio de cerca de US$ 150 mil recebido da Secretaria de Estado da Cultura para sua apresentação. "Atacando a peça procuraram atingir o secretário da Cultura e sua política cultural, com que eu não tenho nada a ver", afirma Christiane.
A peça é uma montagem de textos que vão do português Albino Forjaz de Sampaio aos "Cantos de Maldoror", de Lautréamont, de Rilke e Pessoa ao compositor Cazuza e tinha como objetivo ser polêmica. A polêmica, porém, ficou apenas no dinheiro dado e não nos temas propostos pelo espetáculo. Além de ser atacada pela crítica, o deputado português Mário Tomé chegou a fazer discurso no Parlamento português contra o subsídio.
Contra a peça valia tudo. Rui Luís Brás, um dos quatro atores portugueses que fazem parte do elenco, foi provocado para uma briga de bar por outro ator português por estar fazendo o trabalho. Numa coluna de fofocas do jornal "Semanário", saiu a insinuação de que Christiane teria conseguido o subsídio dormindo com o secretário da Cultura.
José Possi contra-ataca: "Todo o teatro em Portugal tem subsídios". Como exemplo, cita o caso do Teatro Nacional, em que atores consagrados são funcionários públicos, recebendo salários mesmo que não representem nada.
"Nós pretendíamos montar este espetáculo num teatro pequeno perto de Lisboa e depois levar a peça pelo país. Quando fui ver se havia possibilidade de ter um subsídio, propuseram que nós reabríssemos o Teatro São João no Porto e depois fizéssemos Lisboa", conta Christiane.
No entanto, o contrato não foi o combinado. Ficou só pelas apresentações no Porto. A reforma do teatro atrasou e a peça só entrou em cartaz um mês depois do previsto, fazendo com que fosse impossível conseguir um teatro em Lisboa no mês de dezembro. Só para janeiro.
Apesar da crítica, no Porto, a peça conseguiu atrair o público. Em 15 apresentações chegou a ter 5.000 espectadores –média de 50% de lotação.

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