São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Operários acham 15 esqueletos em Fortaleza

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Um grupo de operários a serviço do governo do Ceará descobriu ossadas de pelo menos 15 corpos enterrados no meio da rua Adriano Martins, no bairro de Jacarecanga (zona central de Fortaleza). Sem caixões ou túmulos e em diferentes posições, as ossadas estavam a profundidades variáveis –de 50 cm a 1,5 m– num trecho de cem metros da rua.
Segundo Paz, os corpos foram encontrados em várias posições. "Alguns pareciam estar sentados", disse Paz. Segundo ele, alguns corpos pareciam disformes, com ossos separados. Ele afirma ainda que entre os ossos encontrados não era possível identificar vestígios de caixões ou túmulos.
A titular da 1.ª Delegacia de Polícia de Fortaleza, Eliane Barbosa, disse ontem que ainda não sabe explicar a origem do cemitério encontrado sob a rua. "Nós encaminhamos os corpos para o Instituto Médico Legal (IML) examinar a idade dos ossos. Estamos também pesquisando para saber se o local era um cemitério antigo".
Segundo a delegada, entre as ossadas estava um crânio com uma perfuração semelhante à provocada por uma bala. Até as 18h de ontem, o IML ainda não havia divulgado nenhum resultado sobre a análise dos ossos.
O presidente do Instituto de História e Antropologia do Ceará, Geraldo Nobre, 69, disse que as ossadas podem ser de um grupo de cem franceses mortos em combate com portugueses liderados por Martins Soares Moreno, em 1611. Segundo ele, o combate ocorreu numa praia perto de Jacarecanga. Ele afirma que a historiografia registra o conflito, mas não diz onde os corpos foram enterrados.
Nobre admite também que os corpos possam pertencer a alguma família que residia num dos sítios de Jacarecanga, no século passado. Segundo Nobre, nessa época era costume entre as famílias de Fortaleza enterrar seus mortos em capelas e cemitérios particulares.

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