São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Especialista acha mortalidade muito alta

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Manoel de Carvalho, diretor da Clínica Perinatal Laranjeiras, serviço de referência no Rio para recém-nascidos de alto risco, diz que nos últimos cinco anos foram atendidos ali cerca de 2.500 bebês, apenas 46 deles contraindo a enterocolite necrotizante, com oito mortes. No hospital paulista, 14 tiveram a doença e seis morreram em poucos dias. "Eu acho extremamente alto. Vejo 25 doentes por dia. Nos últimos anos atendemos 5.000 bebês, mas nunca vi um caso assim", diz Carvalho, comentando o caso paulista. Ele também chefia a UTI neonatal do Instituto Fernandes Figueira, ligado à Fundação Oswaldo Cruz.
A enterocolite necrotizante ataca quase que exclusivamente bebês prematuros em unidades de terapia intensiva. Mesmo nos EUA a mortalidade é alta: de 20% a 25% das vítimas morrem. A doença atinge de 2% a 15% dos bebês em hospitais americanos.
A incidência nos EUA tende a ser maior que no Brasil, segundo o cirurgião-pediatra José Goraib, especialista no tratamento da enterocolite que também trabalha nos dois locais no Rio. Esses bebês são atingidos porque têm intestinos imaturos. A alimentação pode ser causa da doença. Preparados lácteos são mais comuns nos EUA e provocam mais a doença do que o leite humano.
Quando a origem é infecciosa a culpa geralmente é da transmissão pelo agente de saúde. O médico ou enfermeiro passa a doença de um bebê a outro. "O médico tem que lavar a mão não para se proteger, mas para proteger o próximo doente", afirma Goraib.
A rapidez no tratamento é essencial. O médico já deve tratar até em caso de suspeita. Fezes sanguinolentas são o indício, confirmado por exames de raios X. Mas basta o prematuro recusar alimento para o médico já tentar descobrir se o bebê tem a doença.

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