São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Modelo americano inspira os novos selos

HÉLIO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL

É unanimidade entre os diretores artísticos dos novos selos: o modelo de pequenos selos, cada vez mais atentos ao aparecimento de novos grupos e tendências, vem dos selos independentes dos EUA. Esses selos são os responsáveis pelo lançamento dos grandes fenômenos do pop e do rock norte-americanos nos últimos anos, como Nirvana e Pearl Jam.
"A diferença é que nos EUA a coisa é mais segmentada. Aqui no Brasil, o tamanho do mercado é outro e o dinheiro é outro, mas as semelhanças existem", diz José Antonio Éboli, da Sony Music. "O Banguela, apesar de associado a uma grande gravadora, é como o próprio nome diz: tem alguns dentes, mas não todos", diz Carlos Eduardo Miranda, que acredita que a associação com a grande gravadora implica uma melhoria da qualidade técnica em relação às produções independentes, mas não significa abrir mão da marca "alternativa".
A comparação do estado atual das coisas no rock e no pop com o cenário do início dos anos 80, quando o rock brasileiro explodiu com bandas como Titãs e Paralamas, é inevitável. "Acho que o rock brasileiro hoje não é mais aquele rock criança do início dos anos 80. Não musicalmente, mas em termos de administração das bandas", diz Miranda.
"Nos anos 80, as novas bandas eram lançadas aos leões", diz Maurício Valladares, 40, coordenador do selo Plug. Valladares refere-se ao fato de que as bandas que surgiram há dez anos eram lançadas no mercado com o mesmo esquema de lançamento de grandes bandas, às vezes já consagradas. Os custos de produção e lançamento eram altos e muitas não conseguiam retorno financeiro e, portanto, não sobreviviam.
"Dez anos depois, a gente vive basicamente a mesma situação, há um caldeirão de música nova prestes a explodir, a diferença é que o mercado sabe se comportar melhor diante disso", diz Valladares, que acredita haver hoje mais circulação de informação entre o público potencial dos novos.
Os três selos –Banguela, Plug e Chaos– se encarregam da pré-produção, gravação, prensagem, distribuição e divulgação das novas bandas. Quem banca, na verdade, são as grandes gravadoras. A diferença é que a parte artística está nas mãos de quem convive mais de perto com o cenário musical, digamos, alternativo. (Hélio Guimarães)

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