São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Drag queen guardava múmia no armário

DAVID DREW ZINGG
DE NOVA YORK

O espírito de férias continua a todo vapor aqui na Gringolândia. A temporada maluca oficial que começa algumas semanas antes do Natal continua em plena velocidade. Todo mundo vai aos bares e fica bebendo como se tivessem medo que o álcool fique fora de moda amanhã. Os homens ficam num toque-toque com as garotos que em qualquer outra época do ano provocaria um milionário processo por agressão sexual. Durante o inverno de alta-adrenalina e solstício do divertimento os gestos são ignorados em nome da união saudável dos sexos.
Um dos pontos altos sociais desta temporada de inverno foi o da morte da Drag Queen favorita do "New York Times". Quando a famosa drag queen Dorian Corey morreu no início do ano passado e não deixou nada no armário a não ser ser perucas, enchimentos, boás de plumas... e o corpo mumificado de uma vítima de assassinato com a marca de um tiro no meio da testa.
Corey, 56, era um veterano do circuito drag queen de Nova York. Foi a estrela do documentário "Paris is Burning" que conta as dificuldades das personificações femininas. Ele organizou festas extravagantes num bar chamado "Sally's". É aí que entra o New York Times. O bar ficava pertíssimo do jornal e se tornou o bar favorito dos repórteres da "senhora grisalha da rua 42", como o jornal é conhecido pelos fãs.
Corey morreu, como a maioria das drag queens, de Aids. Depois de sua morte, seus/suas amigos foram ao seu apartamento no 5.º andar de um prédio em Harlem. Examinaram o imenso e caro armário. E foi então que as coisas se tornaram interessantes. Dentro de um baú estava um corpo masculino deitado em posição fetal e embrulhado num plástico que imitava couro –uma espécie de presente de Natal masabro para o Departamento de Polícia de Nova York.
A múmia recebeu um banho numa solução especial. Ficou imersa no líquido e depois que o convidado misterioso foi amaciado, os policiais tiraram impressões digitais e declararam que era um velho amigo de Corey. Os policiais disseram qn, ele tinha ficado no baú por uns 15 anos. Disseram também que ervas especiais tinham sido usadas para preservar o corpo.
Quem puxou o gatilho continua uma questão aberta para especulação nos bares escuros da Rua 43 Oeste. Um boato insistente na comunidade de travestis aponta o dedo para o próprio Corey.
Um amigo meu que trabalha no "Times" (CONTINUA)

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