São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 1994
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Ladrão acusa PMs de roubar carros em SP

Policiais denunciados negam crime

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O comerciante Laerte Biazim Cardoso, 25, denunciou cerca de 20 policiais militares como envolvidos em roubos de carros na zona sul de São Paulo. Acusado de ser o líder de uma quadrilha de ladrões de carros, Cardoso foi preso em flagrante no último dia 30 com um veículo roubado. Ele estava sendo procurado pela polícia desde agosto do ano passado.
O comerciante denunciou o tenente Evaldo José de Souza, 30; os cabos Vladimir Arnold Filho, 25, e Claudinei Tonin, 22; e os soldados José Messias dos Santos, 27, e Edmílson Cardoso da Silva, 24. Eles negaram as acusações. A Divecar (Divisão de Roubo e Furto de Carros da Polícia Civil) não quis revelar os nomes dos outros policiais que estariam envolvidos na quadrilha.
Na manhã de ontem, a Divecar fez uma operação com 60 carros e 180 homens atrás de 11 locais apontados por Cardoso. Em quatro horas, 12 carros roubados, placas de carros, chassis recortados e chaves falsas foram apreendidos em desmanches e casas na cidade de Embu Guaçu (Grande São Paulo) e nos bairros de Capão Redondo e Jardim Herculano (zona sul).
Segundo o delegado Valter Abreu, 31, o comerciante disse também que vendeu carros roubados para os PMs em troca de armas que eles apreendiam com assaltantes. "Em alguns casos, um carro da PM fazia escolta para ele (Cardoso) furtar carros", disse Abreu.
Em seu depoimento, Cardoso descreveu sua relação com o tenente Souza. "Conheci o tenente quando ele começou a namorar minha prima Cibele. Eu já era ladrão e passei a ter mais facilidade para roubar, pois o tenente não me abordava e não permitia que seus homens me incomodassem."
A investigação da Divecar começou em agosto passado com a prisão do soldado Silva. Em sua casa, os policiais civis apreenderam dois Fiats Uno roubados. O comerciante disse que vendeu esse carros para o soldado e que ele lhe pagou com revólveres. O soldado responde a inquérito em liberdade. A Corregedoria da PM também está apurando o caso.

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