São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 1994
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Couromoda bate recorde de visitantes

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Couromoda –feira de calçados e artefatos de couro que termina hoje em São Paulo– bateu ontem recorde de público. Em três dias, 40 mil pessoas visitaram o evento, 11% a mais que nos quatro dias de feira de 93. Alguns expositores consideram que os negócios gerados na mostra são os melhores da década de 90. Se a poupança não tivesse rendimento tão alto –em torno de 50%–, dizem eles, daria para vender tão bem quanto em 1986, no Plano Cruzado.
A Fasolo comercializou em dois dias de feira 60% da sua produção de cintos –30% mais que no mesmo período da feira de 93. "Esta seria a melhor Couromoda dos últimos tempos, se não fosse a poupança", diz César Antônio Trucolo, diretor. O lojista, continua ele, está sendo forçado a repor estoques. "Nos últimos dez dias de dezembro nossos clientes venderam nossa produção de três meses."
A Samello foi para a Couromoda com a expectativa de comercializar dois meses de produção, 316 mil pares de sapato. Em dois dias, vendeu quase um mês e meio. A previsão agora é a de sair da feira com dois meses e meio de produção vendida. Para Wilton de Mello Fernandes, diretor da empresa, o ano começa bem. A Samello está operando a plena capacidade. E em março deve entrar no setor de confecções e acessórios.
"É a melhor feira da década", diz Anderson Birman, sócio diretor da Arezzo. Do início da Couromoda até o final do mês, conta ele, a empresa deve comercializar 250 mil pares de sapatos. Este volume, diz ele, é muito parecido com o das últimas feiras. "A diferença é que está muito mais fácil vender. Viemos para a mostra com tabela de preços dolarizada, mas os lojistas entenderam que é melhor ter preço em dólar do que em cruzeiros com alta expectativa inflacionária."
A Ortopé vendeu na Couromoda uma semana de produção em dois dias e meio. Na feira de 93, em quatro dias, comercializou dez dias de produção. "Vamos passar o ano passado", afirma Luiz Hoffmann, gerente comercial. Segundo ele, as tabelas de preços da Ortopé estão em cruzeiros reais "e sentimos que o lojista não sabe se os preços são mesmo os que precisam ser praticados."
A Azaléia recebeu em seu estande 2.600 lojistas em dois dias e meio. Nos quatro dias de 93 foram 2.500. "O comércio vendeu bem em 93. Agora está repondo mercadorias, mas com medo", diz Nestor Herculano de Paula, diretor presidente.
Para Diego Bush, diretor presidente do conselho de administração da São Paulo Alpargatas, a Couromoda deste ano é a mais movimentada desde 1990. "Não é como a feira de 1989, mas o consumo está de fato crescendo."
O rendimento da poupança, diz ele, desanima o consumo. "Mas o lojista está sem estoques." Segundo ele, o governo não deve manter a política de juros altos. "Mas é difícil prever a lógica do governo."
Para os expositores da Couromoda, quanto mais rápido o governo acabar com a inflação e reduzir os juros, melhor. Eles não querem mais perder o lojista e o consumidor de vista. Roberto Estefano, presidente da Cambuci, que comercializa as marcas Penalty e Asics, diz que em 93 o faturamento da empresa cresceu 80% em relação a 92. Somou US$ 78,5 milhões. "Vamos continuar crescendo, se o governo não atrapalhar."

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