São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 1994 |
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Documento suspeito muda versão do capataz de Roriz
WILLIAM FRANÇA
Há dois erros na identificação de Valdivino no documento que registra o suposto depoimento. Seu nome é grafado erradamente como Valdevino e um dos dígitos do número do seu CPF está errado. O suposto testemunho foi registrado como "Escritura Pública Declaratória" no Cartório do 1º Ofício de Notas e Protestos de Brasília, na quarta-feira. A escritura não é assinada por Valdivino e sim pelo tabelião do cartório. A CPI descobriu uma conta em nome de Valdivino no banco Progresso, de onde saíram depósitos de US$ 598 mil para a conta de Roriz, além de depósitos de US$ 7,6 mil nas contas de sete deputados distritais de Brasília. Roriz disse que depositou o dinheiro na conta de Valdivino quando este ainda era capataz de sua fazenda, para pagar uma compra de gado. O negócio teria sido desfeito e o dinheiro devolvido ao governador, que separara uma parte para fazer "empréstimos pessoais" aos sete deputados. Roriz deu sua versão no dia 10 de janeiro, segunda-feira. Dois dias depois, em entrevista à Folha, Valdivino contestou esta história. Disse que nunca teve conta no banco Progresso e que sua assinatura nos cheques para os deputados deveria ter sido falsificada. A entrevista, que durou dez minutos, foi gravada. Apesar disto, a declaração em cartório diz que Valdivino não deu nenhuma entrevista. Valdivino forneceu à reportagem cópias de sua carteira de identidade, para que fosse feito um confronto entre a assinatura de seu documento e as usadas para movimentar a conta. As assinaturas são diferentes. O depoimento foi entregue na sexta-feira à noite à revista "Veja". Segundo a revista, a entrega foi feita por assessores de Roriz. No documento, Valdivino confirma totalmente a versão de Roriz e diz inclusive ter feito o empréstimo para os sete deputados. Quando foi localizado pela Folha, Valdivino tentou negar sua identidade e disse ter sido orientado a não falar com jornalistas pelos advogados da Agropecuária Agriter, onde trabalha atualmente, "para não prejudicar o governador". Depois, disse que Roriz tinha telefonado para sua casa dias antes, para tranquilizá-lo sobre as denúncias. Outro lado O secretário de Comunicação Social do governo de Brasília, Weligton Moraes, negou qualquer relação de Roriz com o suposto depoimento de Valdivino em cartório. Segundo ele, Roriz sequer conhece o depoimento. Texto Anterior: Para FHC, ajuste sai esta semana Próximo Texto: CUT vai dividida à eleição dos bancários Índice |
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