São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 1994
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CUT vai dividida à eleição dos bancários

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A CUT (Central Unica dos Trabalhadores) não conseguiu apresentar uma chapa única para concorrer à eleição da direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que começa hoje e vai até dia 21.
Cerca de 88 mil bancários vão decidir quem vai dirigir nos próximos três anos o sindicato que mais contribui para o faturamento da CUT e tem orçamento de US$ 12 milhões este ano, superior aos US$ 11 milhões da central.
A Chapa 1, da situação, vai manter a composição da atual diretoria –Articulação Sindical, PC do B e PSDB. O candidato a presidente será Ricardo Berzoini, hoje secretário-geral. Gilmar Carneiro, atual presidente, quer ser deputado federal.
A oposição será formada pelo grupo Hora da Verdade –do deputado estadual Lucas Buzato (PT)–, as correntes "O Trabalho", CS, DS, uma atual diretora do sindicato e o PPS. O presidente, da Hora da Verdade, é Manoel Elídio Rosa.
Os integrantes da Chapa 1 vêm defendendo as câmaras setoriais, a manutenção do imposto sindical e contribuição confederativa, e na última campanha salarial, apoiaram greves por bancos.
A oposição é contra a participação em câmaras setoriais, quer o fim do imposto e contribuição confederativa e defendeu paralisações mais gerais na última campanha salarial.
Buzato, ex-diretor do sindicato, acusa a situação de impedir a unidade da CUT no sindicato. "A atual diretoria detonou um processo de formação de chapa pouco democrático e escolheu a dedo quem iria participar", afirmou. Ele acha que, apesar das divergências, os que defendem o programa da CUT deveriam se unir.
Gilmar considera que "há momentos em que é necessário rachar, se não os membros da diretoria acabam perdendo mais tempo brigando entre si do que construindo o sindicato".
Berzoini argumenta que a diretoria fez uma convenção aberta e democrática, dia 17 de novembro, onde a CS e o grupo de Buzato teriam feito um balanço não tão positivo da atual gestão. "Nós defendemos a atual diretoria. Eles faturam em cima das nossas dificuldades", afirmou.
Buzato critica a última campanha salarial, que teria sido, no seu ponto de vista, "tremendamente confusa" e na qual o Sindicato dos Bancários apresentava orientações sempre diferentes das sugeridas pelo Comando Nacional dos Bancários. "Muitos bancos privados que pagam os piores salários ficaram de fora da mobilização."
Berzoini garante que, na campanha salarial, só alguns bancos tinham mobilização suficiente para parar.
Para Buzato, o sindicato vem sendo administrado como uma empresa, com "catracas eletrônicas na porta e tudo. É o sindicato do marketing. Eles gastam muito dinheiro para pôr outdoor na rua, mas não mobilizam a categoria para defender seus salários".
Gilmar se defende: "Me orgulho de administrar o sindicato como uma empresa. Temos um patrimônio imenso para cuidar e se trata de dinheiro público, que deve ser tratado com respeito", diz.
Investimentos
Com 130 mil trabalhadores na base em São Paulo, Osasco e região, o Sindicato dos Bancários possui nada menos do que 100 mil associados. O número total de funcionários, sem contar suas 12 regionais, chega a 370.
Em 91 e 92, o sindicato comprou, com financiamento do banco Itaú, sete andares do Edifício Martinelli, centro de São Paulo, onde está hoje situado, um investimento estimado em US$ 3,2 milhões. O pagamento será feito em dez anos, com juros de 1% ao mês mais a variação do IGP-M.
Além dessa aquisição, o sindicato ampliou sua gráfica. Hoje a Bangraf (Gráfica dos Bancários), situada num galpão de 2.000 metros quadrados, é um dos maiores parques gráficos da América Latina, de valor estimado em US$ 3,5 milhões.

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