São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 1994
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Policial é assassinado em barbearia no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

O detetive Marcelo Mendes Maia, 25, foi morto com dois tiros anteontem à noite por dois homens, quando fazia a barba no salão de barbeiro Canarinho, na rua São Januário, em São Cristóvão (zona norte do Rio). Os dois homens fugiram num Opala preto, dirigido por outro homem de cabelos grisalhos, aparentando 50 anos, segundo a polícia.
Policiais civis investigam a hipótese de o crime estar associado a uma discussão ocorrida na quinta-feira à noite entre Marcelo e policiais da P-2 (Serviço Reservado) da Polícia Militar. O detetive fora à 17.ª delegacia para interceder em favor de um amigo, Marcelo Barbosa Lanza, preso pela PM sob acusação de receptar objetos roubados. Lanza foi autuado por porte ilegal de arma.
Marcelo foi enterrado ontem à tarde no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Ele era casado com Ana Cristina Soares Barbosa, 23, com quem tinha uma filha de um ano, Ingrid. Ana Cristina está no segundo mês de gravidez.
Após o sepultamento, um grupo de policiais deu tiros para o alto, junto à sepultura do colega, ritual proibido por portaria da Secretaria de Polícia Civil. Policiais da 17.ª DP detiveram no cemitério o cabo da PM Luiz Orlando, que, segundo o delegado de plantão NIlton Silva, estaria a serviço da P-2.
No enterro, colegas da vítima confirmaram que na noite da última quinta-feira Marcelo Maia foi chamado pelo amigo Frank Amorim e outro, conhecido apenas como Beni, para ir à 17.ª DP.
Na delegacia, de acordo Lanza, o detetive Maia teria discutido com o tenente-coronel da PM Marcos Vaz –que mora na mesma rua do detetive, em São Cristóvão–, o major Carlos Alberto e o sargento de Souza. Ainda segundo Lanza, o coronel Valmir Brum, do Comando da Polícia Militar, também participou da discussão, que teria terminado com ameaças mútuas.
Marcelo Maia, lotado há um mês na Delegacia de Atendimento à Mulher de Niterói, fazia parte da equipe do delegado Antonio Nonato da Costa, afastado no ano passado da Divisão de Repressão a Entorpecentes sob a suspeita de enriquecimento ilícito. De acordo com os colegas, Marcelo participou da prisão de diversos traficantes, que cumprem pena hoje no Presídio Bangu 1.

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