São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Salve o futebol paulista, o melhor do país
ALBERTO HELENA JR.
Quanto à qualidade técnica do espetáculo, nenhuma suspeita. Afinal, o campeão Palestra está aí com seu supertime intacto, reforçado por Rincón e, agora, já livre da carga de 17 anos sem títulos. Ao seu lado, o São Paulo, supercampeão, com seus Mullers, Palhinhas e Cafus, mais a ameaça de trazer três craques indiscutíveis: Rogério, do Flamengo, Axel e Euler, de quem os mineiros, em geral tão comedidos, falam maravilhas. Completando o trio de Ferro, o Corinthians mostra as suas armas reluzentes de novas: Gralak, Moacir, Valdo, Casagrande e Marcelinho, que se juntarão a Ronaldo, Henrique, Viola e companhia bella. Quanto ao Santos, apesar do vacilante processo sucessório, Pepe me garantia ainda no domingo à noite que, com Capitão na cabeça-de-área, Andrei lá atrás e Paulinho Kobayashi no meio-campo, terá uma equipe competitiva. Por fim, sopra do interior um vento novo. O Bragantino esnobando com seu técnico europeu, o Mogi novamente de Leto e Rivaldo, o Guarani de Djalminha, o União de Araras etc. Assim, com tamanho equilíbrio de força, está afastada a sombra mais negra que ameaça o sistema de pontos corridos –um time disparar lá na frente, e o campeonato perder o interesse do público. Mas não assegura a sabedoria da adoção desse critério, que funciona, em geral, bem nos campeonatos europeus, por vários fatores que estão ausentes dos nossos torneios regionais. O primeiro deles é que, por exemplo, na Itália, até o quinto ou sexto colocado, há uma premiação compensadora –participação em copas européias etc. Em segundo lugar, praticamente todos os ingressos são vendidos com antecedência, via carnês, o que garante a receita e a presença de público, mesmo que um Milan da vida saia da liderança. Aqui, a história é bem outra, e o que exatamente permitiu nosso futebol atravessar o seu momento mais crítico, da segunda metade de 70 até as beiradas dos 90, marco do novo surto de euforia, foi exatamente o sistema classificatório, com os minitorneios decisórios. O problema é que os regulamentos desses torneios não obedeciam a critérios técnicos e transparentes. Eram forjados para atender a interesses políticos, menores, o que transformava o corpo do campeonato numa tediosa e inconsequente sucessão de jogos inócuos. O problema, portanto, eram as fórmulas adotadas. Tanto isso é mais verdade que em 73 os pontos corridos tradicionais já haviam se exaurido. A presença média de público nos nossos estádios, num tempo em que ainda ecoavam as celebrações do tri e o eurodólar não fascinava ninguém, variava de 6.000 a 7.000 espectadores, quase nada para uma população de quase 20 milhões de pessoas, em todo o Estado de São Paulo. Em 74, com decisões no primeiro e no segundo turnos e uma superfinal, saltamos para 13 mil torcedores, em média. Depois, a política dos pequenos tomou conta da federação e esse esquema passou a ser condenado pelos que analisam os problemas do futebol pela superfície. De qualquer forma, salve o futebol paulista, hoje, sim, o melhor do país. * Um achado a imagem do Matinas que funde o ponta-esquerda tricolor Toninho à figura mítica do Saci. O diabo é que esse time tem um saci com uma perna só, na esquerda, e um Currupira de pés redondos, na direita, mais conhecido pela alcunha de Catê. Texto Anterior: Fabinho participa do circuito brasileiro; Alemanha volta ao 1º lugar no ranking; São José assina um acordo de co-gestão; L'Acqua defende sua liderança em Minas; Telesp quer segunda vitória consecutiva Próximo Texto: CBF acaba com mito do jogador milionário Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |