São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 1994
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Ministro das Finanças larga Ietsin

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Ministro das Finanças larga Ieltsin
Recusa de Fiodorov em participar da nova administração lança dúvidas sobre reformas
O ministro das Finanças da Rússia, Boris Fiodorov, descartou ontem participar do novo governo que está sendo formado pelo presidente Boris Ieltsin. A decisão não é definitiva, disse um assessor, mas seu provável afastamento aumenta as dúvidas sobre a continuidade das reformas em direção a uma economia de mercado.
Ieltsin passou seis horas reunido com o primeiro-ministro Viktor Tchernomirdin na tentativa de formar o novo governo. A composição do gabinete não foi anunciada, ao contrário do que se esperava, e, segundo o porta-voz de Ieltsin, Anatoli Krasikov, os dois dirigentes voltariam a discutir o assunto hoje.
A reformulação do gabinete foi anunciada após a divulgação dos resultados da eleição para o novo Parlamento russo, realizada em 12 de dezembro, na qual ganhou espaço a oposição nacionalista-comunista, contrária às reformas econômicas. Ieltsin reduziu para quatro o número de vice-primeiros-ministros.
Para o porta-voz Krasikov, a dificuldade na formação do novo governo "é natural, pois o presidente deve levar em conta não apenas o resultado da eleição parlamentar, como também a nova estrutura do governo".
A continuidade das reformas no ritmo atual foi colocada em dúvida após a renúncia, no domingo, do ministro da Economia e vice-premiê Iegor Gaidar, considerado arquiteto da implantação da economia de mercado. Fiodorov, também reformista, condicionou sua permanência no governo à saída do conservador presidente do banco central, Viktor Gerachtchenko, e do vice-premiê Alexander Zaveriukha, considerada improvável por analistas.
Na opinião do deputado comunista Sergeu Baburin, a reforma ministerial indica que Ieltsin está sendo obrigado a dividir o poder com a oposição apenas três meses e meio depois de mandar tropas invadirem o Parlamento ocupado por oposicionistas, que o desafiavam, no início de outubro.
Alexander Chokhin, outro vice-premiê, disse que Ieltsin lhe ofereceu opção entre dois cargos no novo governo, o de ministro para a Comunidade de Estados Independentes e o de titular da Economia, que era ocupado por Gaidar. A eventual nomeação de Chokhin para a Economia implicaria um curso mais cauteloso e gradual para as reformas econômicas, além de mais proteção às indústrias do país.
A crise foi acompanhada por nova queda recorde do rublo frente ao dólar. A cotação de ontem no mercado interbancário de câmbio em Moscou foi de 1.504 rublos por dólar, para 1.402 na segunda-feira. O rublo já acumulou queda de 21% este ano.

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