São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 1994
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Advogado de "Zezé" nega motivo político

DA "FT"

Advogado de Zezé nega motivo político
O advogado David Marques Muniz Rechulski vai defender José Benedito de Souza, o Zezé, acusado da morte de Oswaldo Cruz Júnior, presidente do Sindicato dos Condutores Rodoviários do ABC. David disse que foi procurado por uma parente de Zezé e que aceitou o caso porque discorda da forte conotação política que estavam dando ao assassinato. Ele vai usar o argumento de legítima defesa.
"O inquérito está sendo presidido por um delegado que já prejulgou muita coisa e está movendo a opinião pública contra o Zezé, diz o advogado, referindo-se ao delegado Nelson Silveira Guimarães, chefe da Divisão de Homicídios da polícia paulista, que participou da apuração do sequestro do empresário Abílio Diniz, em 89, e do inquérito sobre o assassinato do governador do Acre Edmundo Pinto, em 92.
Davido afirma que primeiro vai pedir a revogação do pedido de prisão temporária para depois apresentar Zezé à Justiça. Segundo ele, com a disposição de Zezé se apresentar, ele deixa de ser considerado foragido, que fundamenta o pedido de prisão temporária.
Como o delegado Guimarães já avisou que vai pedir a prisão preventiva assim que Zezé se apresentar, David adianta que também não há motivo para isso. "Ele não está ameaçando nenhuma das testemunhas e a condenação por porte é uma contravenção que não gera reincidência", diz o advogado, referindo a um processo por porte de arma movido contra Zezé no ano passado.
Fulano de tal revela que vai sustentar a tese de que Zezé agiu em legítima defesa. "Todos os diretores do sindicato sabiam que Oswaldão guardava uma arma no armário de sua sala", diz o advogado. "A lei não exige que uma pessoa agredida seja covarde e autoriza a pessoa a enfrentar seu agressor", raciocina Fulano de tal.
Segundo o advogado, mesmo com Oswaldão morto será possivel levantar que o falecido tinha uma personalidade violenta e não "é o santo em que estão querendo transformá-lo." O fato de Zezé ter atirado quatro vezes será refutado com a tese da "reiteração dos golpes." O advogado diz que existem várias jurisprudências no Tribunal de Alçada Criminal comprovando que em um momento desses há forte descarga de adrenalina.
No caso da perícia não ter encontrado nenhuma arma no armário de Oswaldão, o advogado vai argumentar com o fato de o local do crime ter sido remexido.
Negociações
No fim da entrevista com Cícero Bezerra da Silva –que assumiu o lugar de Cruz–, anteontem por volta de 17h30, três jornalistas foram chamados para uma conversa em uma das salas da sede da CUT estadual. Um emissário de Zezé avisou que ele queria falar com a imprensa para dar sua versão do crime. Os repórteres foram instruídos a informar às redações apenas que havia a promessa de uma notícia "bomba", sem adiantar o teor. O encontro acabou não se confirmando, e as negociações prosseguiram ontem.

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