São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 1994
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Fiuza diz que cassação tem razões 'políticas'

SÔNIA MOSSRI; DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Ricardo Fiuza (PFL-PE) não tem dúvidas de que o relatório da CPI do Orçamento proporá a cassação do seu mandato. Por isso mesmo, ele já prepara a sua defesa junto à Comissão de Constituição e Justiça e articula apoio discreto de parlamentares para evitar a cassação no plenário da Câmara, contando que a votação secreta irá lhe favorecer. Fiuza considera que o pedido de cassação é "político" em função da sua participação no governo Collor.
Tranquilo, apesar de ter abandonado as seis miligramas diárias do calmante Lexotan que vinha ingerindo, Fiuza passou todo o dia de ontem recebendo telefonemas de amigos parlamentares. Com o colega José Carlos Vasconcellos (PRN-PE), Fiuza chegou a brincar e pediu o emprego de chefe de gabinete caso fosse realmente cassado. A um outro amigo pernambucano, ele se ofereceu para administrar fazendas de criação de camarão.
'Desonesto e obcecado'
Por sugestão do líder do PFL na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA), o ex-relator da Comissão de Orçamento ocupou a tribuna da Câmara para acusar o presidente da subcomissão de Patrimônio, senador José Paulo Bisol (PSB-RS), de ter lhe cerceado o direito de defesa.
Em entrevista à Folha, Fiuza disse que vai processar Bisol e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). "Vou entrar nas barras dos tribunais contra o Bisol e o Suplicy", afirmou. "O Bisol é um desonesto e o Suplicy é um obcecado", disse.
"A única coisa que pode me prejudicar neste momento é perder a calma, o humor e a serenidade", observou Fiuza. Por isso mesmo, o ex-ministro da Ação Social do governo Collor conseguiu até rir ontem quando amigos comentaram matéria da revista "Interview Sexy", que elogia o seu desempenho extraparlamentar. "Imagine, eu, depois de ficar velho, virar símbolo sexual", disse o deputado. Ele satiriza a si próprio como um "cearense modelo exportação".
Na manhã de ontem, Fiuza reuniu-se com senador Francisco Rollemberg (PFL-SE), encarregado de elaborar o relatório final com relação aos parlamentares de Pernambuco. Ele diz entender o "constrangimento" do senador porque Bisol ainda não tinha entregue até as 12h de ontem o relatório. Fiuza repete que Bisol não lhe deu chances para defender-se das acusações. (Sônia Mossri e Daniela Pinheiro)

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