São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 1994 |
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Para Zico, brigas ameaçam seleção
MÁRIO MAGALHÃES
Participante das Copas de 78, 82 e 86, Zico acredita que o Brasil tem jogadores "fortíssimos", mas que podem fracassar por cansaço. "Há quatro anos a Holanda era ótima, mas seus três melhores jogadores (Gullit, Raijkaard e Van Basten) estavam exaustos pela sucessão de partidas do Milan. Agora, os principais brasileiros talvez estejam no bagaço durante a Copa devido aos torneios europeus." Zico chegou de manhã ao Rio, vindo de Tóquio, onde no domingo sua equipe, o Kashima Antlers, empatou com o Verdy Kawasaki e perdeu a decisão do primeiro torneio profissional japonês. Ele negou-se a opinar sobre a polêmica tática entre o técnico da seleção, Parreira, e o presidente da Fifa, João Havelange. Parreira usa sistema com dois atacantes (Bebeto e Romário). Havelange quer três (os dois mais Edmundo). Zico elogiou Muller e alfinetou Romário. "Muller já provou que é um grande jogador, teve uma grande carreira, tem passado. Não sou contra jogadores darem opinião, mas devem se preocupar mais consigo. Nunca me recusei a ficar no banco, nunca quis impor minha escalação". Em dezembro de 1992, Romário se rebelou por ficar na reserva contra a Alemanha. Para Zico, Parreira não pode se deixar influenciar por pressão de jogadores. "Gostei quando ele pediu que lhe dessem pelo menos uma chance de ter direito a escalar seu próprio time". A maior preocupação do meia são os atritos entre os atletas. "Se a falta de união de 90 se repetir na Copa dos Estados Unidos, podemos ter muitas dificuldades. Qualquer problema interno sempre prejudica." A mais recente desavença na seleção começou com o ataque de Romário a Muller. "Ele foi mal nas Copas de 86 e 90. Já o Edmundo é hoje o melhor jogador em atividade no país", afirmou. O coordenador-técnico da seleção, Mário Jorge Zagalo, afirmou que Romário está criando "clima ruim" na seleção. "Jogador tem que jogar. É o técnico quem se preocupa com escalação". Romário disse que não quer determinar quem joga. "Só acho que eu, Bebeto e Edmundo seríamos um ataque irresistível". Para Parreira, com três atacantes o Brasil ficaria com marcação frágil no meio-de-campo. Zico considerou um "avanço, um passo importante" a mudança de estatuto da CBF. Agora, além das 27 federações estaduais, os 24 clubes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro vão eleger o presidente da entidade. Ex-Secretário Nacional dos Desportos, Zico é autor da lei que regulamenta o funcionamento do esporte no país, conhecida como Lei Zico. O jogador fica de férias no Rio até o dia 21 do mês que vem. Texto Anterior: Meia repete as críticas Próximo Texto: Atacante pede punição para Simeone; RICARDO ROCHA Índice |
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