São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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'Moderado' deve chefiar PM

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo comandante-geral da PM deve ser o coronel José Francisco Profício. Ele deve substituir na próxima semana o coronel João Sidney de Almeida, que entrou em atrito com o governador Fleury. Um dos motivos da desavença foi a criação da Romu (Rondas Municipais) pelo prefeito Paulo Maluf. Almeida quis impedir o funcionamento da Romu, mas foi desautorizado por Fleury.
Profício é atualmente o chefe da Coordenadoria de Inteligência Policial da PM. Ele já ocupa esse cargo desde 1989 e foi mantido nele por dois comandantes-gerais o coronel Eduardo Assumpção e seu sucessor: Almeida. Profício começou sua carreira na DPM (Departamento de Polícia Militar), a antiga Corregedoria da cooporação.
Ele é considerado por seus companheiros de tropa como um oficial "moderado". Durante a implantação da "Rota Light" (medidas que visavam diminuir o número de pessoas mortas pela PM em supostos tiroteios), Profício não tomou partido entre os defensores e opositores dessa política.
Na tarde de ontem, o coronel Almeida foi chamado à Secretaria de Segurança Pública para se reunir com o secretário, o desembargador Odyr Porto. Almeida teria sido comunicado que irá deixar o cargo. Ao voltar para o quartel-general da PM, na praça Fernando Prestes, na Luz (região central), ele não confirmou nem desmentiu sua saída ao ser perguntado por seus subordinados.
O atual comandante teria dito ao ser consultado sobre assuntos da cooporação que "isso é coisa para meu substituto". Almeida havia assumido o comando-geral da PM em janeiro de 1993, três meses após o massacre de 111 presos feito pela tropa de choque no pavilhão 9 da Casa de Detenção.
Durante seu comando, ele afastou de postos chaves da PM a maioria dos oficiais que haviam sido responsáveis pela criação da "Rota Light". Entre esses oficiais está o ex-comandante da Rota, tenente-coronel Ivan Marques.
Em seu lugar, Almeida nomeou em outubro passado o tenente-coronel Edilberto Ferrarini, ligado a "linha dura" da PM. Em 92, a Rota matou 305 pessoas. Em 93, essa tropa da PM matou 36 pessoas. (MG)

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