São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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Senado japonês rejeita reformas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro do Japão, Morihiro Hosokawa, sofreu uma importante derrota política ontem, quando o Senado rejeitou, por 130 votos a 118, o projeto de reformas políticas de seu governo. A derrota põe em dúvida o futuro da coalizão de oito partidos liderada por Hosokawa, mas ele descartou a hipótese de convocar eleições antecipadas.
O primeiro-ministro disse que tentará fazer um acordo com o Partido Liberal Democrático (PLD) sobre o pacote de reformas até o fim da atual legislatura, em 29 de janeiro. Ao assumir o poder, em agosto do ano passado, a coalizão liderada por Hosokawa encerrou um período de 38 anos de hegemonia política do PLD.
As reformas políticas visam reestruturar o sistema de distritos eleitorais e disciplinar o financiamento de campanhas políticas. Em meio a uma série de escândalos de corrupção envolvendo políticos e empresários, sobretudo empreiteiras, o PLD perdeu as últimas eleições por mostrar-se incapaz de conduzir as reformas que ele mesmo havia prometido.
O pacote foi aprovado na Câmara em novembro passado, mas apenas depois de sofrer modificações negociadas pelos partidos. A derrota de ontem decorreu do fato de 17 senadores do Partido Socialista, o maior da coalizão governista, terem se aliado à oposição liderada pelo PLD.
"Eu lamento a votação, mas nós continuaremos tentando. Ainda temos tempo", disse Hosokawa, 56, numa entrevista à TV japonesa. O premiê tem agora duas alternativas: levar o projeto a um comitê misto Câmara-Senado, para novas negociações, ou devolvê-lo à Câmara e tentar forçar sua aprovação –neste caso, seria necessário pelo menos dois terços dos votos, o que ele não conseguiu em novembro.
As reformas introduzem o financiamento público de campanhas eleitorais, através de um fundo comum aos partidos, o banimento das doações privadas a políticos, penas mais rigorosas para os corruptos e a adoção do sistema eleitoral distrital misto.

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