São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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Preservação da natureza mobiliza Rio

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A crescente união do poder público e de setores da sociedade civil está mostrando um caminho viável para a preservação ambiental no Rio. Os exemplos vão desde surfistas que lutaram pela preservação de uma área verde na Prainha (zona oeste) a moradores que financiaram a retirada de favelados do Alto Leblon (zona sul), para a criação de um parque municipal.
Embora ainda insuficientes para reverter a degradação ambiental da cidade, por toda parte surgem iniciativas como a da entidade Ecomarapendi –que trabalha pela preservação da lagoa de Marapendi, na Barra da Tijuca (zona sul).
A Ecomarapendi emprega US$ 3 mil mensais em ações de recuperação do ecossistema da lagoa, como o plantio de áreas de manguezais e denúncias ao poder público de atividades que degradam o meio ambiente, a cargo do biólogo Mario Moscatelli. O dinheiro é obtido com o lucro da venda de lixo reciclável, recolhido em 11 pontos da cidade, e o pagamento de serviços de consultoria sobre o assunto para grandes empresas.
O verde também começa a ser replantado numa das vertentes do morro Dois Irmãos, na área do Alto Leblon –uma das mais nobres da cidade. Preocupado com a favelização da região, onde 50 barracos já tinham sido construídos, há dois anos o advogado Luiz Fernando Gabaglia Penna, 48, iniciou luta para a criação de um parque na encosta.
Fundado no final de 92, apenas no papel, com área de 200 mil m2, o Parque Municipal do Penhasco Dois Irmãos só se viabilizou com a entrada em cena da subprefeita da zona sul, Solange Amaral –que intermediu as negociações com os favelados–, e de US$ 200 mil, levantados por Penna, junto a vizinhos da região, para indenizar as famílias de invasores.
"É obrigação do indivíduo colaborar com o Estado. A gente tem que ajudar, o problema não é só do poder público. É de todos", afirma Penna. Como ele, pensa o secretário municipal de Meio Ambiente, Alfredo Sirkis, que vem obtendo vitórias na preservação ambiental ao servir de ponte entre o poder público, a iniciativa privada e ONGs (organizações não-governamentais).
Uma das vitórias de Sirkis, ainda como vereador pelo PV, foi conquistada, em 90, ao apoiar uma luta de surfistas pela preservação de área verde de Mata Atlântica, com 2 milhões de m2, na encosta da Prainha –onde seriam construídos 12 prédios.
Preservada a área, por força de lei municipal, agora Sirkis diz estar ultimando com os proprietários uma permuta de terrenos com a prefeitura, para poder inaugurar um parque de lazer e de estudos ecológicos.

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