São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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Sexo com criança atrai 10% dos americanos

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um em cada dez homens adultos nos Estados Unidos pode ter abusado sexualmente de uma criança, segundo pesquisa citada em um livro sobre o tema escrito pelo jornalista John Crewdson. Generalizar para toda a sociedade é algo difícil, mas dados como esse são a contrapartida necessária dos vários levantamentos americanos nos quais uma em cada cinco pessoas admite ter sido sexualmente abusada antes dos 18 anos. A ciência, porém, ainda precisa explicar satisfatoriamente o porquê dessa preferência sexual classificada como transtorno mental.
O bancário brasileiro Paulo Sergio do Espírito Santo, que foi preso na semana passada, acusado de ter abusado de centenas de crianças e adolescentes, teria pelo menos esse ponto em comum com os sujeitos que os psiquiatras chamam de "pedófilos": a quantidade. "Um pedófilo pode cometer centenas de atos sexuais em um número impressionante de crianças", afirma o médico Kenneth Fuller, em um artigo científico sobre o tema.
"A severidade, número e tipo das vítimas, e a permanência das características variam de um molestador de criança para outro, e também variam com a passagem do tempo no mesmo indivíduo", diz Fuller. Os homens são os principais pedófilos; as mulheres só abusam em 5% a 20% dos casos relatados na literatura médica.
Outro ponto que muitos pedófilos têm em comum é uma sensação angustiante de saber que há algo errado com essa obsessão em fazer sexo com crianças, mas não conseguir controlar o desejo. Na definição médica do termo, a pedofilia exige um desejo sexual intenso por crianças antes da puberdade, que pode ou não ser realizado, às vezes criando essa angústia. Antes de ser um caso apenas de polícia, trata-se de uma doença mental.
Assim como os pesquisadores não têm uma compreensão clara dos mecanismos que norteiam as preferências sexuais mais aceitas socialmente, ou mais"normais" (por que loiras? por que gordas, magros ou ruivas?), eles apenas especulam sobre o porquê da pedofilia. Aparentemente, esses sujeitos teriam personalidades com características narcisísticas (com um exagerado amor por si mesmo) que viriam de suas próprias infâncias infelizes, ou mesmo de abusos sexuais, uma espécie de "vingança" em outras vítimas.

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