São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994 |
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Leonardo admite 'crise de identidade'
DA REPORTAGEM LOCAL 'Estou feliz no Brasil', diz LeonardoJogador prefere tranquilidade do São Paulo aos dólares espanhóis e quer ser titular na seleção O lateral/meia Leonardo, do São Paulo, aguarda, ansioso, dois fatos que acontecerão em junho. O primeiro filho –sua mulher Bia espera um menino– e seu espaço na seleção de Parreira. Apesar dessa ansiedade, Leonardo mantém seu habitual equilíbrio. (JHM) * Folha - Como serão esses seis meses que antecedem a Copa? Leonardo - Motiva muito. Tem vários jogadores que tem possibilidade de ir, atuando aqui no Brasil. Diferente de outras épocas. Folha - E o Paulista com pontos corridos? Leonardo - Acho bom. Qualquer jogo vale tudo. É o campeonato ideal. Na Espanha, no começo, estranhei. Estava acostumado com dois turnos e na final, todo mundo explodindo. Folha - A torcida vai sentir? Leonardo - Ela não está acostumada. Antes era esperar a final, lotar o estádio e ver aquele jogão. Mas, de repente, ela começa a notar a importância de cada jogo. É questão de mentalidade. Folha - E como é jogar pelo meio e fazer gols? Leonardo - Adorei a experiência. Quando joguei pelo São Paulo em 1990 e 91, o Telê já me dava muita liberdade para ir à frente e criar. Agora ele me efetivou de fato. O time ganhou. Na seleção... Folha - O pensamento do Parreira é manter você na lateral... Leonardo - É. Ele não descartou a hipótese de me colocar no meio, mas...é a minha preocupação. O jogador que atua em várias posições, de repente, não se efetiva em nenhuma. É um bom reserva. E isso eu não quero. Folha - Você volta para a Espanha depois da Copa? Leonardo - Em junho, acaba meu contrato aqui e eu não tenho passe fixado. Tenho que esperar. Folha - Voltando você teria o passe livre... Leonardo - Só em 95. Mas não me preocupo. Jogar lá só por isso não tem a mínima lógica. Folha - Tanto faz jogar pelo São Paulo ou pelo Valencia? Leonardo - O São Paulo é o ideal. Gosto de jogar aqui, do ambiente, da mentalidade, do Telê. Folha - É muito diferente do Valencia? Leonardo - Sim. Aqui é quase familiar. Na Espanha é diferente. É latino, mas bem europeu. Individual, profissional ao extremo, frio. Aqui se mexe muito com emoção. Mesmo assim, era bom lá. Voltei porque eu pensava muito em seleção, o São Paulo me deu força. Folha - E financeiramente? Leonardo - Não acompanha. Mas procuro jogar onde eu me sinta bem, independente do salário. Folha - Como é ser garoto propaganda em outdoors? Leonardo - É legal ser relacionado a uma marca como a Mizuno. Marketing é positivo. Folha - Mas no Brasil, ainda é fraco, não? Leonardo - Lá fora é muito mais forte. Tudo se relaciona com o futebol. (Leonardo interrompe a entrevista para se despedir de Luís Carlos Goiano, que se transferiu para o Fluminense) Futebol é duro por essas. Você faz um amigo e, de repente, o cara vai embora. Texto Anterior: Até o técnico desfalca hoje o São Paulo Próximo Texto: Clube quer aprimorar movimento de atletas Índice |
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