São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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Bugigangas importadas geram novos negócios

ROBERTA JOVCHELEVICH
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A abertura de mercado está trazendo ao país uma versão tipicamente americana de negócio: as lojas de "bugigangas". São casas que trabalham basicamente com produtos importados, que custam de US$ 1,00 a US$ 100,00.
É um tipo de comércio que não tem público-alvo difinido e procura atender indiscriminadamente crianças e adultos. Em uma mesma loja é possível encontrar brinquedos, utensílios domésticos, cosméticos, ferramentas e artigos de papelaria e de escritório.
Como em lojas norte-americanas, os preços são fixados em dólar. Terminais de computador ou cartazes, atualizados diariamente, indicam o valor correspondente em cruzeiros reais.
A Dollar Days é uma das poucas casas que explora esse mercado. Inaugurada em outubro do ano passado, já conta com quatro unidades espalhadas pela cidade de São Paulo. No Natal passado, se transformou em uma verdadeira mania, devido à sua grande variedade de produtos. Cada loja vende cerca de 600 itens –98% importados– com preços de US$ 1,00, US$ 2,00 ou, no máximo, US$ 3,00. A estratégia da rede é ganhar no giro, isto é, vender um volume alto de mercadorias a preços baixos.
Nesse caso, a variedade é fundamental, assim como a renovação constante do estoque. Segundo Moacyr Bittencourt, 38, sócio da Dollar Days, a intenção é que o cliente sempre tenha uma nova opção de compra.
A rede conta com mais dois sócios, Duílio Montanarini e Marcos Croce, que já tinham experiência na área de importação. Croce mora em Chicago e é o responsável pela importação dos produtos, que vêm em grande parte de países do Oriente (China, Tailândia, Taiwan, Indonésia e Hong Kong).
Outra casa, com perfil mais sofisticado, é a Dollar Store, inaugurada em dezembro, no bairro de Higienópolis (região central). A loja só trabalha com importados. Tem mil itens dispostos nas prateleiras, desde um chiclé até uma cafeteira elétrica.
Segundo Perla Joldzac, 40, antes de abrir a Dollar Store com a sócia Paulina H. Fridrich, 43, as duas viajaram para o exterior atrás de idéias e novidades. "Fizemos uma longa pesquisa de produtos e fornecedores", diz.
As compras são realizadas em feiras específicas nos Estados Unidos e Europa e junto a representantes de mercadorias do Oriente. Atualmente, elas recebem catálogos com lançamentos e também compram de importadores brasileiros.
Apesar de pouco explorado, o mercado de "quinquilharias" importadas não é para qualquer um. Além de conhecimentos dos trâmites da importação, o empreendedor deve ter capital suficiente para montar uma loja relativamente sofisticada (afinal, são produtos destinados à classe média e alta) e bancar transações de longo prazo, no caso de importações diretas do exterior. "Uma compra de produtos do Oriente chega a demorar seis meses", diz Bittencourt. "Já compramos mercadoria que só vai chegar às nossas lojas em maio", afirma. Perla estima em US$ 150 mil (fora o ponto) o investimento mínimo para montar uma casa do gênero.

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