São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 1994
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Sem-terra acusa farsa pró-Faria Lima

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Parte dos manifestantes que foram anteontem à sede da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente apoiar a obra de extensão da avenida Faria Lima denunciou ontem que foi "enganda". O grupo, formado por 54 famílias de sem-terra da zona sul, disse que participou da manifestação em troca da promessa de poder voltar a um terreno da prefeitura, de onde foram expulsos em julho. A promessa não foi cumprida e eles decidiram denunciar a farsa.
O grupo invadiu, em janeiro, um terreno da prefeitura no conjunto habitacional Pró-Morar do Jardim São Luis (zona sul). Em julho, foram expulsos e levados para um centro social da prefeitura ao lado do terreno. "Disseram que nós deveríamos assistir a um debate e que depois receberíamos uma boa notícia sobre nossa situação", diz Valdirene Ferreira Veloso.
Segundo os sem-terra, o convite para o debate partiu da líder comunitária Jane Barros. Ela teria dito ao grupo que um funcionário da prefeitura conhecido apenas como João Batista –que já foi algumas vezes ao centro comunitário discutir uma solução para os sem-teto– conversaria com eles após a reunião e daria a "boa notícia". O grupo enviou 60 integrantes ao debate.
"O problema é que, depois da reunião, ele disse apenas que a prefeitura estava buscando a solução, mas isso nós já estamos ouvindo há sete meses, desde quando eles nos expulsaram do terreno", diz o mecânico Francisco Crispim, 27, que faz parte do grupo.
Ao saber da presença da imprensa no centro comunitário, a organizadora da manifestação, Jane Barros, foi ao local. Assim que entrou, olhou para o grupo e disse em tom ameaçador: "Vocês têm consciência do que estão dizendo, né?". Em seguida, confirmou que organizou o grupo. Disse que pagou do próprio bolso os dois ônibus da viação Zefir, que levou os manifestantes, e o lanche que foi servido, mas que não se lembra de quanto gastou.
Jane negou que tenha prometido a solução do problema dos sem-terra: "Eu disse apenas que a ida deles poderia facilitar as coisas".
A prefeitura nega qualquer envolvimento no suposto acordo denunciado ontem pelos sem-terra.

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