São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reformistas pedem a saída do premiê russo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Deputados reformistas radicais pressionaram ontem o presidente da Rússia, Boris Ieltsin, a substituir o primeiro-ministro, Viktor Tchernormirdin, e a manter o novo governo coerente às reformas econômicas rumo ao capitalismo. Ieltsin esteve ontem em São Petesburgo –antiga Leningrado– para participar das comemorações dos 50 anos do fim do sítio à cidade pelos nazistas na 2.ª Guerra.
Desde o anúncio do novo gabinete, Ieltsin tem se mostrado isolado. Assessores presidenciais dizem que ele não consegue encontrar uma maneira de lidar com a nova composição do Parlamento –dominado por seus opositores nacionalistas e comunistas, assim como o anterior, que ele dissolveu em setembro passado.
"Em geral, o presidente me parece sofrer muito e estar bastante solitário. Eu pensei: 'como há poucas pessoas em quem ele pode confiar"', disse em um programa de TV Ella Pamfilova, ministra da Seguridade Social, que não fará parte do novo governo.
Para os reformistas, o poder no novo governo pende para o lado de Tchernormirdin. Ele nomeou um gabinete conservador e foi um dos pivôs da saída dos reformistas Iegor Gaidar e Boris Fiodorov –que acusou o premiê de tentar um "golpe econômico".
Mas o porta-voz de Ieltsin, Viacheslav Kostikov, disse que "o presidente tem autoridade suficiente para corrigir o governo, insistir para que ele seja coerente com o caminho escolhido pela Rússia". Segundo ele, "não há motivos para suspeitar" que Tchernormirdin esteja abandonando as reformas.
Durante sua visita a São Petesburgo –a segunda cidade mais importante da Rússia– Ieltsin participou das comemorações do 50.º aniversário do fim do cerco nazista à cidade. Nos 900 dias de cerco, mais de 660 mil pessoas morreram de fome e doenças, até que as forças soviéticas conseguissem romper o bloqueio dos alemães.
Em discurso durante a comemoração, Ieltsin atacou o líder nacionalista Vladimir Jirinovski, dizendo que os parlamentares que "estão incentivando a guerra" serão processados. A procuradoria russa abriu uma investigação criminal contra Jirinovski anteontem por "propaganda de guerra".

Texto Anterior: França e EUA trocam farpas sobre medidas para a Bósnia
Próximo Texto: Senado dos EUA pede fim do embargo ao Vietnã
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.